[email protected]
rastrosliterarios.blogspot.com
Tenho gaiolas de madeira
penduradas na sacada
entre gerânios e orquídeas
sobre um par de cadeiras
e uma mesa onde dormem poesias
Meu cabelo em desalinho
é a denúncia do desleixo que me rege
Somente um copo de licor
amaina a clausura dos dias
Nestes tempos
a imensidão do mundo reforça as cercas
Infringem-nas somente os pássaros
que sabem a brevidade da vida
A minha pequenez nunca foi tão evidente
: o sol permanece indestronável
e eu esmoreço na incerteza
se o que há de vir, virá
Eu tenho a chave da porta
mas isso não basta
Não sei para aonde ir
não sei onde posso estar
De repente, tudo se tornou perigoso
Sofro pelo abraço que não pude
pela presença adiada
pela confissão proibida
As gaiolas de madeira
que tenho penduradas na sacada
não têm portinholas
não sou adepto da escravidão
Talvez seja tarde demais
mas antes do último pôr do sol
haverá outra possibilidade
Obs: O autor é membro da Academia Pindamonhagabense de Letras é autor de: Lágrimas de Amor – poesia; O sapinho jogador de futebol – infantil; O estuprador de velhinhas & outros casos – contos; Histórias de uma índia puri – infanto-juvenil; O casamento do Conde Fá com a Princesa do Norte, e Um caso de amor na Parada Vovó Laurinda – cordéis.
Imagem enviada pelo autor