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CARTA III

A meu amigo e irmão carmelita, Nalfram

Francisco uma benção dos céus para a humanidade

Ontem vimos o velho bispo de Roma, o Papa Francisco subir o átrio da basílica de São Pedro numa praça vazia … Eu e tu estávamos lá, com todos os seres humano ao nosso lado, que estamos espelhados pelo mundo inteiro …
Naquele momento um silêncio se espalhou pelo mundo…um silêncio Teresiano, num voltar-se ao castelo interior…. Cada passo do velho bispo era a subida ao Monte Carmelo, sabendo que o eterno está lá adiante…. sempre pra lá …levava as dores da paixão ….
Subia o velho bispo …levando ao altíssimo as nossas orações,
Ó Amado meu, escuta o clamor do teu povo! Olha por nós e acolhe nossos entes que não podemos velar…
Diante do medo que assombra a todo ser humano que ama a humanidade, ele rezou ….
Orou também pelos loucos, nossos governantes, que usam o poder para defender a economia neoliberal, numa avidez pelos lucros para os ricos se enriquecerem …. Podres poderes insano.

O velho bispo, o papa de Roma nosso irmão, nos exortou:
A tempestade vai passar!
Durante toda a noite de ontem ecoava as palavras de sabedoria em nosso interior. O velho bispo nos convidou a ouvir os céus. Trazendo a palavra da fé, que é chamado a conversão, em sendo a fé sempre a palavra de repouso para o silêncio do coração de nós os aflitos …
O bispo de Roma, em sua senectude nos chamou a ouvir toda imensidão…um silêncio, para ouvir a nossa humanidade…aí nos disse que mais do que nunca temos de ouvir os céus, ele só é escutado no silêncio. Onde não se há palavras…

O bispo ancião, numa lucidez teológica, antropológica, política, sociológica… Nos exortou: chamado a inteligência a escutar o clamor dos pobres; velhos e despatriados … Ser humano é não deixar o outro só no caminho…longo caminho. Engaiolar os velhos é os deixar no caminho. Como propõe os insanos …. cultuadores dos podres poderes.

As propostas da elite dominante são insanidades, meu amigo… são de uma demência intelectual tão grande e cheio de falácias, uma só: “é hora de passar verniz nas ideologias”… Ainda o tal a tal elite,  tem a ousadia de dizer no término da fala demente, que está aberto as críticas e reflexões. Há que se convir, que reflexões e críticas só existem na lucidez da inteligência, numa demência não há inteligência, aí como se pode refletir? Numa fala acéfala só o calar … E calar não é silêncio… Um pilar da linguagem. Silêncio é perscrutar a vida, silêncio sempre um adentrar no interior da existência humana, e de lá auscultar o ser interior, em sua morada. Calar é falar na mudez … que é sempre fala, numa falação de engodos e teimosia diante da inteligência que nos chama a ouvir.

Meu amigo,
A velha minha vó que já morreu há 30 anos, em seus 80 de vida aqui entre os seus, me dizia: meu filho, não se discute com a demência, pois, na demência não há entendimento e compreensão. Fiquei sempre a pensar na diferença, entre entender e compreender, acho que por isso fui embora no filosofar no caminho da hermenêutica.

Bom amigo, sem delongas … Sem entendimento não há interpretação, aí não há compreensão, pois interpretar é compreender o que se manifesta no entendimento….
“Eu só peço a Deus, que a morte não me seja indiferente,
Que o embuste não me seja indiferente, ele é um monstro grande e pisa forte, ilude a inocência das pessoas.”
Minha vida não terá sentido sendo indiferente ao sofrimento do outro.

Portanto amigo,
Nem toda a fala é compreensão…. Mas, muitas falas só são falação que querem justificar uma ideologia, assim, como podemos passar verniz nelas …? Só se for para as elucidar.

Amigo nossa luta hoje é contra a loucura, da falta de inteligência.

Maurício Soares
Seu irmão de espiritualidade na auscultação do pensar

Obs: Imagem enviada pelo autor

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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