D. Demétrio Valentini 1 de junho de 2020

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Ainda estamos vivendo o impacto causado pela rápida propagação do “coronavírus”. De um momento para outro, literalmente, o mundo inteiro se viu ameaçado, não por alguma força extraterrestre, ou pela deflagração de uma guerra mundial, mas pela atuação mortífera de um novo vírus, surgido na China, numa região de grande concentração demográfica e de intensa atividade industrial.

Quando o vírus foi detectado, ele já tinha demonstrado sua “virulência”, já tinha causado a morte de muitas pessoas. Ele se caracteriza pela velocidade de sua propagação e pelo caráter mortífero de sua atuação.

No começo, muita gente pensava que se tratava de uma espécie de gripe, talvez um pouco mais forte de outras tantas que já aconteceram. Mas, quando chegaram as primeiras estatísticas, com dados assustadores de vítimas fatais, deu para perceber a gravidade da situação e a urgência de se tomar as providências recomendadas pela Organização Mundial da Saúde diante de situações como esta. Infelizmente, a gravidade da situação se comprova diariamente pelas estatísticas que nos trazem o número exato de milhares de vítimas que este vírus continua causando.

A situação é mais grave do que parecia no começo. Mas em situações como esta, pouco ajuda o clima de pânico que pode se alastrar na população. Era preciso, isto sim, partir para um plano de ação bem articulado, que envolvesse toda a população. A iniciativa mais eficaz foi, certamente, a decretação de “quarentenas”, em que todos são convidados a se recolherem na própria casa, como medida extrema de prevenção contra a possível propagação do vírus.

A grande maioria dos países, através dos seus governos, aderiu às recomendações da ONU. Os esforços do Brasil foram coordenados pelo Ministério da Saúde, com a participação dos Governadores e dos Prefeitos e, sobretudo, com a dedicação abnegada dos Agentes da Saúde.

A proposta da “quarentena”, já em andamento na maioria dos municípios, incentivando as pessoas a se abrigarem em suas próprias casas, simboliza bem a importância de todos colaborarem, com medidas práticas e simples, mas eficazes, como o uso adequado de máscaras e a higiene frequente das mãos.

Este fato surpreendente, de dimensões planetárias, não pode ser reduzido a mero episódio natural, limitado à sua realidade objetiva, pois ele carrega interrogações muito grandes, que precisam encontrar eco em nossa consciência de seres humanos.

Quais advertências nos faz a fragilidade da vida humana, posta a perigo por um mero vírus que a acomete? Quantos vírus seriam necessários para liquidar a vida humana em nosso planeta? A experiência da fragilidade da vida humana, colocada em xeque por um minúsculo e desconhecido vírus, deixa em ridículo toda a ilusória prepotência, que pretende prescindir de Deus, e se arrogar o direito de ignorar o Criador que rege o universo com sua sabedoria e suas leis.

A incipiente consciência ecológica, que vê o planeta terra como nossa “Casa Comum”, quais lições pode nos apontar? Esta pandemia, na verdade, revela a profunda crise que atinge toda a humanidade. Que ela nos motive para reencontrar os caminhos da vida verdadeira, em consonância com os planos de Deus. 26.04.20

Obs: O autor é Bispo Emérito de Jales.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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