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No ano seguinte após o fim da II Guerra Mundial, o filósofo francês Jean Paul Sartre publicou seu livro “O Existencialismo é um humanismo”. Embora o cenário fosse pessimista por ter conhecido os horrores do conflito, Sartre dizia que o Existencialismo não era uma filosofia passiva, mas algo capaz de tornar possível a vida humana.

O Existencialismo proposto por esse filósofo francês prega que nós não nascemos prontos e, por essa razão, temos a possibilidade de nos construir durante a vida. Sendo assim, é preciso estar consciente de que nossa ação individual acabará por refletir para toda a humanidade.

Mas o que seria, então, essa nova visão existencialista? O que ela trazia de novo para o ser humano, que faz com que seja objeto de estudos filosóficos para nossa vida?

Angústia e liberdade:

Para o Existencialismo, o homem simplesmente existe e sua essência será aquilo que ele projetar, onde ele estiver inserido. Dessa forma, Sartre diz que o homem tem de construir a si mesmo, pois, caso contrário, ele não será nada enquanto não fizer algo; “o homem é, antes de qualquer coisa, um projeto que vive subjetivamente”, não existindo, desse modo, nada que anteceda esse projeto.

A construção do ser humano é resultado de processos históricos e esse “ser no mundo” não é somente responsável pela sua individualidade, mas por toda a humanidade, pois influenciamos e somos influenciados por tudo. E isso gera nele a angústia, a responsabilidade de decidir seu futuro.

Segundo Sartre, não existe determinismo, pois o homem “está condenado a ser livre”, sendo o único responsável por suas escolhas; agente e fruto da própria liberdade. Ele não nasceu pronto e sua liberdade de escolha possibilita que se torne aquilo que ainda não é. Então, ele seria o que pode-se chamar de “não ser”, algo indefinido e indeterminado, que só será construído por suas ações.

O ser “em-si”, “para-si” e “para-o-outro”:

Quando o ser humano passa a ter consciência de si mesmo e do outro, começa a perceber-se como existência consciente. A relação do homem no mundo se faz com outro ser, distinto de si; o ser das coisas. Esse ser é pleno e idêntico a ele mesmo, que Sartre denomina “em-si”, que não possui história, devir ou potencialidade. “O ser ‘em-si’ apenas é em sua plenitude”.

Além do ser “em-si”, Sartre fala sobre a existência do ser “para-si”, essencialmente humano, que, diferentemente do “em-si”, não é pleno e busca constantemente completar-se. Por ser incompleto, inacabado, é que esse “para-si” vai se construindo através do exercício da liberdade, sendo impossível, portanto, não escolher ser livre.

Sartre concebe também o que ele chama de ser “para-o-outro”. Nesse caso, ele diz que “é necessário reconhecer primeiro o outro como outro para depois o sujeito se reconhecer”. O homem percebe-se e se constrói através da relação com o ser “para-o-outro”, de estrutura conflituosa. Ele menciona, ainda, que o outro representa o limite do seu ser.

Contribuição do Existencialismo

Embora o Existencialismo tenha surgido num período pós-guerra, os conflitos dos dias atuais não são propriamente entre grandes potências, mas eles não deixam de existir de maneira localizada. Estamos assistindo a momentos de elevadas tensões, pelos mais variados motivos.

A relação com o outro é marcada por conflitos que soam como absurdos ao próprio ser humano, mas ele mesmo não se dá conta de que tudo é fruto da sua liberdade de escolha. Apesar de ser responsável pela construção de si, suas atitudes estão muito mais pautadas em atos que contribuem para a destruição da relação com o outro.

Talvez seja esse o ponto crucial que Sartre nos convida a refletir. Realmente é de fato angustiante ter a consciência de ser único responsável pelo seu futuro e ter a percepção de que aquilo que escolhe pode ter influência em toda a humanidade.

REFERÊNCIA: “A construção consciente do homem”, artigo de Isaias Sczuk, publicado pela revista “Filosofia Ciência e Vida” nº 74, em setembro/2012.

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IMAGEM SUGERIDA: (enviada pelo autor)

Site: https://www.irishtimes.com/

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