1 de maio de 2020
- A pandemia é um fato que acelera a crise de fundo, a crise do capitalismo. A quantidade de desempregados e cadáveres desmoraliza os governos e desmascara a financeirização que desmonta o Estado e produz crise e tragédia.
- A burguesia mostra seu lado diabólico que não se importa com a tragédia humana, nem com o bem-estar da nação. A preocupação central é a economia: realizar, concentrar e centralizar o capital. A vida não vale o lucro.
- Países, setores, empresas buscam sobreviver, ganhar com o surto e estar no pós-crise, alheios a quem desaparece. O G20 vê a crise mundial com crescimento –3,3 %, igual a ’29 e aponta o Estado (povo) para pagar a conta.
- A epidemia mostra que o Estado salva vidas, o trabalho cria a riqueza e a produção promove o desenvolvimento. Os Países democráticos faliram e os bloqueados e “antidemocráticos” são menos afetados e mais solidários.
- EUA pensam em si e nem acena para aliados. Reino Unido e CEE fragmentados, BRICS se reforça. Volta o fantasma da recessão. A China baseada em indústria e tecnologia, controla a epidemia e sai como referência na geopolítica.
- O governo, com 20 milhões no desemprego e 50 milhões informais, PIB -5,3%, deflação… teve que dar dinheiro aos pobres. Opta pela economia e, para sobreviver, desmoraliza outros poderes, aposta no caos e insinua ditadura.
- A unidade empresa/mídia/igrejas e o comando militar com Estado falido e sem proposta, vai reprimir a convulsão social para se manter. No ideológico se ajoelha diante dos EUA, mas na economia depende da China.
- O pós-crise aponta como luta de massa e a direita sabe oferecer alternativa. A Esquerda, na defensiva, apenas denuncia a estratégia da classe dominante. Talvez consciente que sua atuação será também no pós-pandemia.
- O povo ronda como ovelha sem pastor. Sabe que mais negros pobres e idosos vão morrer e quem trabalha vai pagar a conta. Com medo, vira manada, crê em fascistas e fundamentalistas, na esperança de milagres. A esquerda está distante.
- Lideranças populares admitem seu equívoco de apostar na institucionalidade, dita democrática e na via eleitoral. Está imobilizado e impedido de atuar porque o poder atual ou controla essa via ou tem poder para definir outra institucionalidade.
- O campo popular, hoje, não tem peso. Mudar a correlação de força exige inserção na massa camponesa, operária e na periferia urbana. Mesmo sem Covid-19, a tarefa é sobreviver, debater, elaborar alternativas e definir uma estratégica e tática.
- Preparar o pós- pandemia é construir nova institucionalidade, com referência e militância capaz de atuar na institucionalidade reinante ou fora dela. É criar uma organicidade que permita ação de massa, ação no espaço público e ação reservada.
- O caminho parece claro – sair da lógica “democrática” e atuar na conjuntura, além da denúncia e ação reativa. Sua unidade, organicidade, inserção e formas de luta devem orientar-se pela institucionalidade que favoreça uma nova ordem social.
*Anotações de conjuntura – Cepis, SP, 14/04/2020
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
busca
autores
biblioteca