15 de maio de 2020
… quando derem vez ao morro toda a cidade…
- O horror da pandemia deve levar todo ser humano a tremer de indignação contra a burguesia. Só um delinquente e malvado pode preferir defender as razões do capital, que os interesses da maioria, e se divertir debochando da agonia dos pobres.
- O povo não é o responsável, é vítima. O patrão extrai sua força de trabalho e depois o chuta para as periferias, sem emprego, sem rede de proteção social (água, saúde, atenção médica), sem cultura, lazer… E, no final, paga a conta com seus mortos.
- O povo ronda por aí, como ovelhas sem pastor. Pois, uns pedem que fique em casa e outros que saia para trabalhar. Uns dizem que é gripezinha ou falam que o frágil sistema de saúde não tem leitos e os cemitérios vão entrar em colapso.
- É fácil pedir que o povo fique em casa, lave as mãos, use máscaras, mas não fala na garantia de emprego, comida, água, assistência médica. Que dizer a 13 milhões de favelados para cuidar, num casebre, tanta gente, amontoada e misturada?
- O povo sente o perigo, mas não tem escolha. Sabe que 600 reais é mixaria, pois, sempre recebeu mixaria. Mas, entre morrer na miséria e pegar o vírus, se arrisca na fila da mixaria e da “quentinha”. Se apega a elas como tábuas de salvação.
- O povo precisa saber que pandemia exige higiene, distância social, consciência coletiva. Mas, tem que saber também que a raiz da crise atual, revelada pela epidemia, nasce da decisão do país foi optar pela economia em vez de optar pela vida.
- O mercado não tem ética, não se propõe salvar as Vidas. O objetivo dos patrões e da elite é aumentar sua riqueza. Chegam a transformar solidariedade em cesta básica para esconder os lucros e ganhar, agora na tragédia e, muito mais, depois.
- O Corona vírus desmascara milagreiros e falsos profetas que abençoam a dominação e iludem o povo. São mercenários que, no perigo, abandonam o rebanho, somem em seus refúgios e pedem templos abertos, (seria pelo dízimo?).
- Mas, a virose foi uma escola. Mostra que: o trabalho move o mundo; o capitalismo explora e não resolve os problemas; o Estado serve às elites; o SUS está falido; o voto, em geral, não escolhe governos favoráveis aos interesses do povo…
- O vírus recorda que militante age em qualquer conjuntura. A quarentena é seu novo posto de luta. Por isso, rompe o isolamento físico, mantendo a relação social; presta assistência solidária limitada e estimula pressão por fundos e políticas públicas.
- Os pobres se movem por comida, trabalho e saúde e criaram interajudas solidarias. Mas, vê o governo repassar um trilhão para bancos e uma mixaria, difícil de receber, para milhões de famílias. É difícil prever sua reação frente à fome, desemprego e o montão de cadáveres.
- O momento não permite grandes ações. A tarefa, é sobreviver física e ideologicamente e não perder ninguém. É preparar-se para o “dia depois”: olhar o inimigo, estudar, deixar de iludir-se com a lógica eleitoral e pensar numa outra ordem social.
- Que o Covid-19 reacenda a faísca deixada pelos mártires operários, em 1886. Eles romperam o medo que conforma, deram a vida por direitos, e anunciaram um mundo, onde a abundância criada pelo trabalho, seja partilhada solidariamente.
01/05/20
Viva o Primeiro de Maio de 2020!
Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.
busca
autores
biblioteca