Padre Beto 15 de maio de 2020

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Por volta de 1885, a maioria dos colegas de Sigmund Freud se recusava a tratar dos casos de histeria por acreditar que tudo não passava de fingimento dos pacientes para chamar atenção. Por não assumir esta postura, Freud passa a aplicar a técnica da hipnose, que viria a se tornar uma prática no tratamento psiquiátrico. O filme de John Huston “Freud – Além da Alma” é uma pseudobiografia do psicanalista vienense que descreve suas descobertas e mostra alguns fundamentos importantes para compreender a estrutura humana.

Jesus, em Lc 13, 1-9, procura desconstruir uma visão teológica que está presente ainda hoje: A tragédia acontece por castigo de Deus e os acontecimentos bons para aqueles que estão sob as suas graças. Esta lógica da recompensa mostra-se equivocada, pois na realidade muitas pessoas que causam o mal não são vítimas de tragédias, enquanto muitas pessoas boas sofrem com acontecimentos horríveis. Além de não corresponder à realidade, a lógica da recompensa gera uma ética maquiavélica. Nós fazemos o bem porque desejamos estar nas graças de Deus e termos a sua proteção, os seus benefícios. Portanto, o fazer o bem é instrumentalizado para se alcançar uma vantagem particular.

No Evangelho, Jesus deixa claro que Deus faz o sol brilhar sobre justos e injustos. A existência, porém, é um convite à conversão. Converter-se significa voltar-se a sua essência. A nossa essência é ser imagem e semelhança de Deus. Mas, quem é este Deus? Em Ex. 3, 14, Deus responde a Moisés: “Eu sou aquele que sou”. Em outras palavras, Deus é simplesmente, Ele não possui um objetivo, algo a alcançar. O seu ser é a síntese perfeita entre teoria e prática. O que Ele diz realiza-se. Aqui está o início da conversão: eu sou aquele que sou. Nós temos sempre uma opção a fazer. Nós somos porque Deus ou a religião nos obriga, assim deixamos de ser o que somos e passamos a ser o que não somos, vestimos máscaras e nos colocamos em um cabresto. Ou nós somos aqueles que são, porque assim deve ser. Eu sou honesto porque devo ser honesto. Eu sou solidário porque não consigo ser de outra forma. Eu sou verdadeiro porque não consigo ser falso. A conversão não consiste em uma obrigação a assumir diante de alguém, mas uma metanoia, uma verdadeira mudança em nosso ser. Ela é uma transformação que faz com que eu me aproxime cada vez mais dos ideais cristãos. Isso faz com que eu possa, cada vez mais, como imagem e semelhança de Deus afirmar que eu sou aquele que sou.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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