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Ontem, os mais informados celebraram o dia da terra. O que isso significa? Será que a terra tem algo a ver com pandemia de coronavirus? Para os povos originários da Amazônia, a terra é mãe, dela dependemos e para ela voltaremos ao final da vida. Para um agricultor familiar a terra  é  sobrevivência, pois nela cultiva o que precisa para se alimentar e gerar renda. Para um grileiro, a terra é objeto de invasão sem escrúpulo de derrubar floresta para seu uso e depois legalizar. Também para um dono de agronegócio, ela é lote, de mil, dois mil e mais hectares disponíveis para monocultura que gera lucro abundante, Injetando vários tipos de venenos para acelerar a produção.

Mas o que uns chamam de planeta azul, para o pensador cristão, Leonardo Boff, a terra é sujeito de direitos legais, possui vida. Ele interpreta que, “A pandemia do coronavirus nos revela que o modo como habitamos a Casa Comum é nocivo à sua natureza”. A terra se defende e a pandemia do coronavirus é uma defesa dela. O mundo todo está pagando o preço da violência à mãe terra. Na Amazônia, o Estado do Pará hoje está com 1267 pessoas infectadas e 53 mortos; Manaus cidade em colapso na região. Até ontem eram 2.479 pessoas infectadas e 207 mortos, vários já são sepultados em valas comuns. E assim o virus ataca em todos os noves estados da região.

Então, ao celebrar a terra, vale a pena algumas perguntas a todos nós, seus usuários. Como estamos cuidando dessa mãe tão generosa? Que direito tenho de tratar a terra como objeto de uso e até de abuso? Por que muitas vezes fico indiferente ao saber que grileiros e madeireiros, garimpeiros e mineradoras estão violentando rios, matas, igarapés, enfim? Que significado tem dizer que a terra é um ser vivo e tem direitos a serem respeitados?

Justamente nestes primeiros meses do ano com a invasão do coronavirus no mundo e na Amazônia, é chocante saber que de janeiro a março foram 754 Quilômetros quadrados de floresta derrubada na região. Os mais violentados foram os estados do Amazonas, Pará, Rondônia e Amapá.

A terra geme, se defende e seus algozes pagam caro preço.

Obs: O autor é membro da organização da Caravana 2016
Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhã? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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