elza fraga 15 de maio de 2020

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Gosto da vida, dos seus cheiros, dos seus encontros, das suas esquinas. Mas não temo a morte, essa senhora tão mal falada e que a tantos apavora. Ela não me assombra, não me causa tremores ou pesadelos, a aceito como parte, ou encerramento, de uma peça. E aí a gente parte pra outros teatros, que vida não é só isso aqui, ela se estende além do visível, além da nossa compreensão, além desse tempo datado.
E se continuo por aqui, tudo bem, até gostaria de ficar mais uns pares de anos.
Mas quando partir também estará tudo bem, quem pode afirmar que dar certo é viver? Dar certo, na concepção Divina, pode ser a ida para outras tarefas, outras lições, outros cascudos.

Sei que a maior parte dos que me cercam tem carinho por mim, e isso me deixa com o coração em festa.
Sei também que alguns estão aqui apenas por não acharem correto expulsar uma dama de suas listinhas.
Afinal ainda existe gente delicada, damas e gentlemans.
Outros ainda apenas fazem número, provavelmente nos tira do seus feeds, das suas notificações. Sem problemas, também fiz isso com meia dúzia de dois ou três – confesso envergonhada, mas confesso.
E ainda temos aqueles a quem devotamos amizade genuína, verdadeira, forte, e que cuspiram nela. Zombaram do nosso afeto sincero, do nosso bem querer, da pureza dos nossos sentimentos.
Afinal doar amizade não é garantia de recebermos no mesmo tamanho e jeito. Amizade não se cobra, só se doa, e se o receptor não for receptivo, a gente lamenta muito, arruma nossas tralhas e aceita se mudar daquele coração. Levamos a alma para tomar sol em outras paragens, descansar a rede em outras sombras benditas.

Quando sair do plano sairei sem covardia ou medo, mas triste com os que me feriram por desconhecimento, maldade ou sadismo, porque sei da lei do retorno e temo por eles, não os quero sofrendo, os quero bem.

Sei que alguns poucos se ausentaram de mim sem o devido pedido de desculpas.
Mas sei também que me ausentei de alguns da mesma forma. Só espero ter machucado menos do que fui machucada, porque conheço a força do couro que me reveste, feito pra aguentar balas de canhão em forma de palavras duras.
Quanto aos outros, aos que possa ter magoado, por não poder morar dentro deles não consigo mensurar como suas peles absorvem a dor. Então peço que me absolvam, principalmente sem julgamentos.

E quando me for, em alguma dessas provas com que a vida nos presenteia, só imploro, nem peço, imploro mesmo, não tentem saber como fui, porque fui, detalhes mórbidos, nada.
Não quero questionamentos, lágrimas ou lamentos. E nem tentem saber mais de mim do que eu sei, e o que sei já é quase nada.
Não comentem nada, por delicadeza, até porque sei o quanto meus amigos são delicados.
De onde estiver saberei o que me enviam de amor, de indiferença, de preces ou de criticas, não há necessidade de se exporem, as vezes o silêncio fala mais.
E não é por descortesia que peço isso, é por amor demais a cada um que aqui se encontra. Amor incondicional segue com o coração, segue com a alma, mesmo que o corpo fique sem função, sem a chama que o animava, o que eu sinto de afetuosidade irá comigo quando me for, podem ter certeza. E podem ter certeza também que ainda vai demorar um bom bocado, rsrs.

Certas situações são mais elegantes, mais sóbrias e mais corretas se sigilosas forem.
Cada vez que abro uma página da minha vida a apreciação alheia mutilo um pedaço da minha alma.

E é por isso que quero que os que sabem se calem.
Os que não sabem pensem apenas em mim como a poeta que tento ser.
Fui feliz, sempre. Sou feliz agora e ainda, e atravessarei o meu riso comigo.

Desculpo aos poucos que me feriram fundo e se recusaram a pedir desculpas, e quero deixar claro que tudo o que doei a ele(a)s foi a mais pura, sincera e linda amizade que consegui arrancar do fundo de mim.
Peço desculpas aos que feri sem querer, sem sentir, sem saber.
E peço desculpas também aos que feri na hora da dor, por revolta ou tentativa de vingança.
Tentei ser sempre um ser do lado claro da vida, me esmerei pra pertencer a luz, se consegui, ou não, um dia saberei.
E fiquem com a paz, com a minha amizade que tem o dom de atravessar mundos, com meu carinho por toda a eternidade.

“Amizade é coisa sagrada.
Ao descobrir alguém que lhe dê amizade genuína, verdadeira, respeite-o!” (Adaptação de trecho de Osho)

[elza fraga]
Sabendo que as feridas nunca fecham de tudo, ao menor esforço pode voltar o sangramento.

Obs: Imagem enviada pela autora

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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