Rejane Menezes 15 de maio de 2020

São Paulo SP 28 02 2020 -O Brasil tem 132 suspeitos e paciente em São Paulo confirmado, afirma o Ministério da Saúde. O virus ja se alastra em todos os continentes.foto OMS

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Minha mãe contava um história de um médico de uma cidade do interior, e aqui convém salientar que a história se daria no século passado, que, depois de cuidar dos moradores da cidadezinha por muitos e muitos anos, se aposenta e passa a clientela, com muita alegria e orgulho, para o seu jovem filho, recém formado.

Passado algum tempo, o pai vai visitar o filho em seu consultório e pergunta como está indo, se ele está se dando bem com os pacientes, se está havendo alguma complicação.

O filho respondeu que estava tudo ótimo e que tinha uma novidade ótima pra contar ao pai. E comentou com ele sobre um senhor, já idoso, um rico fazendeiro, que tinha um ferimento na perna que não sarava, havia anos. E, cheio de orgulho e alegria comunicou ao pai que tinha encontrado a razão pela qual o ferimento não sarava. Havia um fio de cabelo em meio ao ferimento. Ele tirou o fio e cabelo e o problema foi resolvido. A perna do fazendeiro está completamente sarada.

O pai olhou para o filho com um sorriso meio triste e confessou: meu filho, foi esse cabelo que pagou seus estudos na capital.

Claro que não podemos afirmar que essa seja uma história real, mas, de qualquer forma, retrata uma situação que acontece, de outras formas, mas que, no fundo, têm o mesmo objetivo: manter o cabelo na ferida para alimentar o lucro.

Esse assunto já foi tema até de comercial da TV, quando alguém leva seu carro a uma oficina e o mecânico diagnostica como o problema sendo na “rebiboca da parafuseta”. Aliás, lembro que, até há algum tempo, pelo menos, levar o carro a uma oficina era um problema. A gente perguntava a amigos por uma de confiança, exatamente pelo temor em se tornar um cliente habitual, por conta de problemas que iam aparecendo continuamente. Consertava isso, e daí a uns dias, quebrava aquilo. Era o cabelo que ia mudando de local, para garantir a clientela.

Vemos isso nos Smartphones. Apesar de seus altos preços, não foram feitos para que você permaneça com eles por muito tempo, se você usar aplicativos e não apenas para telefonar.

Os sistemas que fazem os smartphones funcionar são atualizados constantemente, até chegar a um ponto que o seu aparelho deixa de suportar as atualizações. E, deixando de suportar as atualizações do sistema, também não será mais possível atualizar os aplicativos. Até chegar ao ponto que os aplicativos não irão mais funcionar se não forem atualizados. O que leva à compra de um aparelho mais avançado, inclusive, com mais memória.

Mas, de todos os “cabelos nos ferimentos” o mais grave, em minha opinião, são os que tornam todo mundo reféns da indústria farmacêutica. Tomamos um remédio para alguma coisa, cujo efeito colateral afeta o estômago. Daí tomamos um remédio para o estômago que pode afetar, sei lá o que. E por aí vai.

Já tomei um remédio, para uma inflamação muscular, que afetava a minha rinite. Causava obstrução nasal. E daí eu tinha que tomar antialérgico. Que, na época, provocava um sono incontrolável. Não tomei remédio para controlar o sono. Em lugar disso, tomava o anti-inflamatório em horário que não prejudicasse o meu trabalho.

No momento o que mais me preocupa é saber se interessa à indústria farmacêutica encontrar uma vacina para o Coronavírus, se será um produto rentável, lucrativo. E se não for? E se a vacina que irá salvar milhões de vida no mundo for um produto barato, com margem de lucro irrisória? As pesquisas continuarão, mesmo que o investimento não sinalize retorno financeiro?

Vivemos em um mundo onde o capital, o lucro, está acima de tudo. Basta ver os movimentos de patrões querendo o fim do isolamento social, para que seus empregados voltem ao trabalho e os cifrões voltem a fluir para os seus bolsos. Declarações do tipo “o que são cinco ou sete mil vidas em relação ao colapso da economia”, nos alertam para a baixa conta em que a pequena parcela mais rica do País tem a vida de seus funcionários.

Querer que salão de beleza, academia de ginástica e serviço doméstico seja considero essencial, é uma prova de que, sem sombra de dúvida, 99% da população precisa trabalhar, para que o 1% mais rico possa cuidar da sua beleza física, nos salões e nas academias e que não tenha que cuidar de suas mansões.

Será que estamos vivenciando uma situação onde deixar o cabelo no ferimento e garantir os dividendos é mais importante do que curar o paciente? Temos que nos fazer essa pergunta e analisar os sinais que se apresentam diante de nós.

Precisamos preservar a nossa humanidade, mais do que nunca. E ela é preservada quando a vida, a saúde, a integridade física e moral das outras pessoas, é uma prioridade em nossa vida. No dia em colocarmos a preservação da vida, em toda a sua plenitude, acima de tudo, aí sim, estaremos no caminho certo para construção de um mundo melhor, não importando o fato de termos algum tipo de crença ou de sermos ateus. Pensemos nisso.

Obs: A autora é jornalista, blogueira e Assessora de Comunicação do IDHeC – Instituto Dom Helder Camara.
Site – jornalistasweb.com.br
blogs – misturadeletras.blogspot.com.br 

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