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Dom Sebastião e Madalena estiveram no passado fim de semana na Diocese de Floresta para encontro de estudo com o grupo da Escola de Formação Bíblica.

O núcleo central  da reflexão coletiva foi sobre a perspectiva bíblica de quem é Deus e qual o processo de sua revelação na História.

Deus não é uma pessoa nem um objeto a mais presente no interior deste mundo. Ele se faz presente como experiência íntima na pessoa, nas relações comunitárias e nas relações mais amplas na sociedade. Em outras palavras Ele se faz presente como experiência íntima em nós e se revela mediante nossas relações.

É essa a perspectiva bíblica, como se vê em Êxodo 3,11-15, quando na conversa com Moisés Deus diz “Eu Sou Aquele que está aí”.  Ele é “Emanuel”, Deus Conosco, como diz Isaías 7,14.  Ele está em quem abraça Seu caminho (cf. At 9,3-5). Ele se faz presente nos pobres e excluídos deste mundo (cf. Mt 25,31-46).

Como se vê no evangelho segundo Marcos 8-10 e de modo semelhante nos outros dois evangelhos sinóticos (Mt e Lc), Ele se revela na construção da liberdade pessoal, nas relações comunitárias de serviço reciproco, de partilha de bens e de mútuo perdão, tanto no espaço mais restrito das relações comunitárias como no espaço mais amplo das relações societárias. Dito de outro modo Deus se revela na relação de Poder que se faz relação de Amor, ou seja, na entrega das próprias capacidades para empoderar outras pessoas. Assim, as relações entre pessoas  nos fazem experimentar que nossa liberdade de pessoa como “ser em si” não se alcança em “ser para si”, mas em “ser para além de si”, o mesmo que dizer ultrapassar-se a si mesmo/a ou seja “transcender-se”. Ora alcançar a dimensão transcendente da vida é o mesmo que estar em Deus. O que não requer necessariamente que a pessoa seja  religiosa. O que se requer, sim, é que a pessoa esteja aberta a viver em processo de transformação antropológica, o que equivale ao que chamamos de fé, ou seja, firmeza nesse caminho de vida, como se os pés estivessem sobre a rocha; confiança que essa firmeza desperta e fidelidade que significa o proposito prosseguir no mesmo caminho sem se desviar, pois é experimentado como caminho de salvação.  Assim a fé junto com o amor e a esperança é o dinamismo que nos vai tornando semelhantes a Deus, enquanto a religião é criação nossa, cada povo tem a sua, nela projetamos o nosso desejo de alcançar Deus sem necessariamente nos comprometer com Ele. Por isso frequentemente a religião (doutrinas, rituais, clero, instituições…) se torna idolatria pois Deus vai sendo moldado de acordo com a imagem que projetamos de nós mesmos/as.

Obs: Para acessar todas as imagens do texto clique em http://domsebastiaoarmandogameleira.com/o-projeto-de-deus-em-nossa-historia/

 O Autor é Bispo Emérito da Diocese Anglicana do Recife
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – IEAB….
É Teólogo e Biblista
Assessor do CEBI, de lideranças de Comunidades Eclesiais de Base e de Escolas de Fé e Política

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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