Padre Beto 1 de abril de 2020

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Trevor Reznik é um operário que sofre de insônia. Na fábrica onde trabalha, as condições oferecem risco. Para Trevor, os perigos são agravados pela fadiga crônica. Notando a sua aparência estranha, os colegas percebem que algo está errado, mas não dão a devida importância. Um operário perde um braço em um acidente e todos se voltam contra Trevor, considerando-o culpado. Ele encontra bilhetes anônimos em seu apartamento e fica sabendo que o suposto funcionário envolvido no acidente, na realidade, não existe. “O Operário”, de Brad Anderson, nos fala da realidade que cria ilusões e nos faz permanecer em um estado de alienação.

Nós encontramos dois registros nos Evangelhos das “Bem-Aventuranças”. Há em Mateus uma cartilha para a espiritualidade. Por exemplo, em Matheus, Jesus diz: Bem-aventurados os pobres em espírito, o que significa os desapegados. O outro registro é em Lucas (17, 20-26) que possui um outro objeto: ser uma crítica à desigualdade social. Em Lucas, Jesus é objetivo: Bem-aventurados os pobres, os que têm fome, os que choram. Bem-aventurado neste contexto é o querido por Deus. Em outras palavras, diante do contexto de desigualdade social, Deus se posiciona a favor dos pobres. Portanto, o discurso de Jesus não é um consolo aos pobres, mas uma declaração de que eles possuem o direito ao Reino de Deus, um Reino que deve ser construído aqui em nossa existência. Este Reino é um espaço social no qual todos possam ter direitos iguais para se desenvolver como pessoa. Por isso, ele também afirma ser bem-aventurado aquele que é perseguido por causa do “filho do homem”, ou seja, por viver os valores pregados pelo Cristo. Todos aqueles, independentemente de sua classe social, que se dispõe a viver por uma sociedade justa e fraterna é um bem-aventurado. Mas Jesus radicaliza seu discurso ao dizer: “ai de vós ricos, que tendes fartura, que rides”. Estes são aqueles que se aproveitam de uma situação de desigualdade para viverem como privilegiados. São aqueles que se aproveitam da corrupção na política para ganharem mais ao invés de trabalharem para o bem comum. Juntamente com estes estão os que são elogiados. Afinal, a unanimidade é burra. Todos aqueles que são elogiados e aceitos por todos em um contexto de desigualdade são aqueles que se calam diante de tal realidade ou se aproveitam dela para fazer filantropia. Estes são comparados por Jesus como falsos profetas. Se a igreja, por exemplo, mantém uma creche, ela será elogiada por todos. Principalmente será elogiada por aqueles que detém o poder, pois ela está fazendo o que eles deveriam fazer. Mas, se a Igreja se coloca como uma força ética e exige do Estado o retorno dos impostos pagos em educação, saúde, geração de empregos, ela será criticada por muitos que vivem privilegiados. A missão do cristão é se posicionar do lado da vida, do lado de Deus e, portanto, ser por uma sociedade que seja justa e ofereça a todos os mesmos direitos para se desenvolverem dignamente. Isso significa criar um consenso social para que todas as instituições e, principalmente, o Estado realizem suas verdadeiras funções sociais.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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