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Infelizmente, não é um político brasileiro dos nossos dias, políticos da lista do juiz Fachin ou implicados na Operação Lava-jato… Trata-se de Attilio Giordani, político italiano, atuando na Milão do imediato pós-guerra entre 1950 e 1963, como colaborador de Alcides De Gasperi,  chefe do governo  da Itália na época; e depois, como missionário no Brasil.

Seu arcebispo era o Cardeal Montini. O futuro Papa Paulo VI, realizador do Concílio Vaticano II, iniciado por João XXIII,  definia a Milão da época como “terra de missão”.  E assim a entendeu Attilio, acolhendo o convite que lhe fazia seu arcebispo, de que os católicos milaneses usassem o estilo da fraternidade para com seus irmãos, católicos ou não.

E foi assim que entre as tantas características excepcionais, que se notaram em Giordani, está a bondade para com todos, a acolhida dos jovens mais difíceis, trabalhando com os salesianos de Milão, no Oratório da capital da Lombardia, e depois no Brasil, como missionário leigo.

 Cooperador salesiano, a terceira família de Dom Bosco, depois dos Irmãos e das Filhas de Maria Auxiliadora, Attilio nasceu em Milão em 3 de fevereiro de 1912. Casou em 1944, com uma jovem de sua paróquia, também ela engajada no trabalho pastoral de leigos, em plena guerra mundial, num dos poucos momentos de possível tranquilidade. Não foi apenas a união de dois corações que se amavam, mas a comunhão de duas existências que condividiam entre elas ideais e idênticas metas de perfeição cristã. Nascem três filhos, para os quais Attilio é um pai sempre presente e afetuoso, em meio a tantas atividades políticas e religiosas.

Attilio é  educador nato no estilo de Dom Bosco. Acabado o conflito mundial de 1939-l945,  assume um emprego  na fábrica de pneus Pirelli, onde trabalha pela manhã, e à tarde, está com os jovens pobres do Oratório Salesiano de Milão.

Sempre alegre e otimista, dá a receita: “Quando te levantas pela manhã, começa teu dia assoviando uma alegre canção”. “Na vida, o que vale não é o que se diz, mas o que se faz. A verdadeira pregação é o viver.” “É preciso demonstrar com a vida aquilo, em que acreditamos”.

 Quando seus filhos, já adultos, vieram para o Brasil na chamada “Operação Mato Grosso”, dos salesianos cooperadores, poucos anos depois, já com 59 anos,  em vez de começar a gozar  merecida aposentadoria na política e na Pirelli,  ele com a esposa acompanha os filhos como missionários leigos. Explica ele: “Se queremos e devemos condividir a vocação dos nossos filhos,  devemos estar dispostos a segui-los nas provas,  para poder julgar com consciência  de causa o que eles estão fazendo.”

“A morte deve encontrar-nos vivos!” –  dizia ele com humor. No dia 18 de dezembro de 1972, em Campo Grande M.S., enquanto falava aos jovens da importância de se doar aos outros, improvisamente cai sobre os ombros do salesiano Pe. Hugo De Censi, fulminado por um enfarte. Tem apenas tempo para recomendar, com incrível lucidez, ao filho que o socorria: “Continue você!”

A Santa Sé reconheceu as virtudes heroicas de Attilio Giordani em 9 de outubro de 2013, já no pontificado do Papa Francisco, dando-lhe o título de “Venerável”, que é  caminho para a beatificação.

Obs: O autor é  arcebispo emérito de Maceió.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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