No passado mês de outubro, como foi amplamente comentado, a Igreja realizou mais um “Sínodo”, desta vez sobre a juventude. E as atenções se voltam agora para o Sínodo sobre a Amazônia, que o Papa Francisco já convocou.
Esta frequência de Sínodos deixa muito às claras sua importância para o governo da Igreja.
Foi no final do Concílio Vaticano Segundo, que o Papa Paulo VI instituiu os “Sínodos”, na forma como se realizam hoje. Era evidente sua intenção de contar com uma instância que levasse em frente o próprio Concílio.
De resto, a própria palavra “sínodo”, em grego, corresponde à palavra “concílio”, em latim. Agora, a palavra Sínodo é usada para identificar os encontros promovidos em decorrência da proposta de Paulo VI. Mas, na verdade, sínodo e concílio são sinônimos.
É interessante constatar que a Igreja Luterana do Brasil passou a se identificar como “Igreja Sinodal”, assumindo assim esta característica que é a marca registrada de toda a Igreja.
Assim, a “sinodalidade” da Igreja decorre de sua natureza, de sua vocação inata, de incentivar a comunhão, de expressá-la e de assumi-la como seu objetivo fundamental e indispensável.
A Igreja está a serviço do mistério de comunhão, com o qual Deus se identificou plenamente. Cabe à Igreja reconhecer e proclamar a comunhão que existe em Deus, e assume a causa de nossa comunhão mútua.
Isto, do ponto de vista teológico, que é a dimensão indispensável para abordarmos realidades de Deus que nos envolve. A Igreja é um mistério de comunhão.
Mas se olhamos do ponto de vista programático, da missão que temos como Igreja presente em todo o mundo, mais ainda resulta evidente a importância de agirmos sempre em comunhão, favorecendo a participação de toda a Igreja, mesmo que seja de maneira representativa.
Para garantir esta participação de todos na mesma missão, precisamos lançar mão de estratégias pastorais que envolvam a todos os membros da Igreja, mesmo que não estejam presentes no mesmo lugar, ou se sintam representados em determinados momentos em que se refletem realidades importantes, e se tomam decisões a serem assumidas por todos.
Um caso típico desta universalidade dos sínodos vai acontecer no ano que vem, com o Sínodo da Amazônia. Seu anúncio suscitou logo grande interesse, dada a importância que a região amazônica representa para todo o planeta terra.
Um assunto, portanto, de interesse de todos, tanto da Igreja como da comunidade internacional. Será, certamente, um bom serviço que a Igreja vai prestar, propondo para a consideração de todos as grandes questões levantadas hoje em torno da Amazônia.
Em vista da importância do assunto para toda a Igreja e para toda a comunidade internacional, alguns logo propuseram que, desta vez, o Sínodo fosse realizado em algum lugar da própria Amazônia. Mas logo se chegou à conclusão que, ao contrário, mais ainda o Sínodo sobre a Amazônia deveria ser realizado em Roma para mostrar que a Amazônia interessa ao mundo todo.
Assim, levantando grandes causas da humanidade, a Igreja manifesta melhor sua vocação de servidora da vida humana.08 DE NOVEMBRO DE 2018
Obs: O autor é Bispo Emérito de Jales.