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Ontem por coincidência com a publicação da Exortação apostólica Querida Amazônia, pelo Papa Francisco, foi aqui na Amazônia celebrada a memória de nossa santa mártir Dorothy Stang. Não foi ainda canonizada pelo Vaticano, mas seguimos a orientação de Jesus, que afirma, quem for morto por estar defendendo o projeto dele, está no Reino eterno.

No caso da exortação apostólica do Papa Francisco, confirmando as conclusões do sínodo da Amazônia, houve um certo recuo. Mas já o título chama carinhosamente a querida Amazônia. É uma expressão forte tratando a região como sujeito digno de respeito e afeto. A exortação confirma em quase tudo o que os sinodais aprovaram e está no documento final. Papa Francisco “sonha com uma Amazônia que preserve a riqueza cultural, que a caracteriza e na qual brilha de maneira variada a beleza humana”.  Salienta que o conteúdo principal do documento sinodal, é o diagnóstico sobre a Amazônia e salienta que a parte mais consistente do sínodo na expressão dele: “o diagnóstico cultural, o diagnóstico social, o pastoral e o ecológico”. Segundo ele, a sociedade precisa assumir responsabilidade por esse diagnóstico amazônico.

Surpreendente foi que o Papa Francisco tenha excluído a possibilidade de ordenação de homens casados ao sacerdócio comunitário. Afinal, ele acompanhou todo o desenrolar dos debates e a provações dos assuntos durante o sínodo. Além disso, já antes ele dava estímulo a se discutir a necessidade do povo católico ter a santa eucaristia, como fonte de vida cristã. Conhecedores da realidade da Pan Amazônia, 128 bispos aprovaram a possibilidade de ordenação de homens casados como sacerdotes comunitários. Apenas 48 foram contra.

A pergunta que paira hoje nas mentes dos líderes católicos da Amazônia brasileira é: qual terá sido a razão de o papa mudar a decisão do sínodo? Teria ele se convencido de algo diferente? Ou teria sido por pressão de cardeais e bispos conservadores e reacionários no Vaticano e outras partes do mundo? Uma outra hipótese, mais coerente com a linha pastoral de Francisco é: ele deu um passo atrás, para dar dois passos a frente adiante. Ele sabe que a Igreja na Amazônia precisa de muitos padres a serviço do povo de Deus e que os padres solteiros não são muitos e nem vai aumentar suficiente. Ele sabe que o povo de Deus tem direito a santa eucaristia com mais frequência do hoje. Ele sabe também, que Não basta só aumentar o número de diáconos casados, pois estes não tem poder sacerdotal. Mas a pressão de cardeais conservadores e mesmo a intromissão do Bento16, podem ter feito Francisco dar um passo atrás. (13.02.20)

Obs: O autor é membro da organização da Caravana 2016
Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhã? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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