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“Gente de coração bom sofre mais, mas também sempre dorme com a consciência tranquila e acorda em paz”. (Victor Fernandes)

Doutor Drauzio Varella, me dirijo ao Senhor em solidariedade pelas repercussões negativas depois do seu espontâneo abraço à transexual Suzy Oliveira, revelado durante reportagem exibida no Fantástico.

O seu abraço foi um ato de amor, caridade e expressão pura de humanidade. Os cristãos que negam e difamam sua atitude de médico não aprenderam nada com a vida e os ensinamentos de Jesus.

Como já escreveu Frei Betto, “todos nós cristãos somos discípulos de um preso: Jesus de Nazaré. Ele chegou a afirmar sua identificação com os encarcerados: “Estive preso e me visitastes” (Mateus 25, 36). Puna-se o crime, salve-se o criminoso. Caso contrário, a indiferença, o ódio, a sede de vingança farão nascer em nós o assassino em potencial. O resto será apenas uma questão de oportunidades”.

Drauzio Varella, como disseste após as repercussões, não és juiz. És médico e repórter. Sua vida, bem como suas posturas depois das repercussões revelam que és uma pessoa de muita sensibilidade e humanidade.

Não conheço suas crenças, mas cultivas atitudes que revelam espiritualidade como cuidado (de si mesmo, dos outros, da natureza). Seu abraço não te condena! As repercussões negativas deste abraço revelam que estamos perdendo humanização na sociedade na medida em que politizamos, julgamos e condenamos os que ainda são capazes de fazer o bem, sem olhar a quem.

Seu coração esteja sofrendo muito. Quem faz o bem, de forma espontânea, desinteressada e humanizadora, sofre pela crueldade dos que ainda não são capazes de praticar compaixão, que nada mais é do que “colocar-se no lugar dos outros”.

“Fazer o bem sem olhar a quem” é uma associação ao princípio do amor ao próximo, a quem não posso nem devo escolher ou selecionar, pois nem sempre está revelado em sua totalidade. Não devo me preocupar com o beneficiário de minha ação ou caridade, devo simplesmente fazer o bem. Carrega também um princípio ético de reciprocidade e ensinamento de uma lei universal de retorno (quem faz o bem, colhe o bem. Já quem faz o mal, …)

À prática do bem e da caridade precedem julgamentos? Qual é a diferença entre o abraço a uma pessoa (cuja história não importa -em casos de solidariedade e humanidade) e uma ação de caridade a pessoas que passam fome ou necessidades?

Olhamos o currículo das pessoas que beneficiamos com uma ação de doação de alimentos? Perguntamos sobre a sua ficha criminal na hora de estendermos uma sopa, um alimento ou uma roupa a quem não tem? Ou, simplesmente, fazemos o bem, importando-nos, sobretudo, com a sua humanidade?

Irmão Drauzio Varella, seu “tão questionado abraço” despertou em mim os melhores sentimentos humanistas e cristãos! Reafirmaste crença de que “o amor cura e o abraço salva”. Sinta-se por mim também abraçado!

Obs: O autor é professor, escritor e ativista em direitos humanos, desde Passo Fundo, RS
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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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