Dênis Athanázio 1 de março de 2020

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Busquei no dicionário o significado da palavra autoajuda. “É a Prática baseada na utilização de seus próprios meios intelectuais para obter seus objetivos, metas ou solucionar problemas de cunho emocional, pessoal ou psicológico”. Os livros de autoajuda lhe fornecem um arsenal de dicas objetivas, pensamentos e mantras, para você conseguir melhorar sua “nada mole vida”. “Vinte dicas para ser um profissional de sucesso”; “Cinco pensamentos que mudarão a sua vida”; “Dez passos para ser feliz”. O mercado dos livros e palestras de autoajuda cresce assustadoramente a cada ano.

Mas e se os meus passos não forem do tamanho dos passos do escritor? E se eu precisar de mais passos para atingir meus objetivos? A vida é extremamente mais complexa que vários livros já escritos no mundo, ainda mais dos livros de autoajuda.

Conheço alguns músicos talentosos que não conseguiram ser reconhecidos nacionalmente com sua música. E é claro, chove exemplos de músicos sem talento nenhum que ficaram famosos e ganharam muito dinheiro através da sua música ruim.

Cansei de ver jogadores de futebol com um futuro promissor até para vestir a camisa dez de algum grande clube nacional, mas que hoje são pedreiros, engenheiros, bancários, vendedores, açougueiros, etc.

Esses exemplos de vida e muitos outros, acontecem todo dia e a toda hora. As justificativas do fracasso por parte dos escritores e palestrantes de autoajuda são inúmeras: “ faltou foco” ; “faltou persistência” ; “você não confiou no seu potencial” ; “enquanto você estava dormindo, outros estavam ganhando tempo e trabalhando, por isso que atingiram seus objetivos e você não”. Tudo bem, sei que existem os preguiçosos. Mas você dizer essas frases para vários brasileiros que acordam muito cedo para trabalhar, estudar, treinar, e que matam todo dia um leão, um tigre e uma onça-pintada para dar um futuro melhor para si e para sua família, é no mínimo cruel.

A grande questão é que a vida é muito imprevisível e nenhum de nós consegue vivenciar as mesmas experiências. É como escreveu Heráclito: “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já não é o mesmo”.

Como jovem adulto que sou, tenho ficado ansioso, pensando muito no futuro, mas estou aprendendo com a vida que o futuro “não existe”. Então, estou me esforçando para pensar um pouco diferente. É difícil, mas estou tentando. A minha caminhada pode ser a minha chegada, pois sempre estou chegando em algum lugar. É mais importante você pensar de que forma você caminha no percurso da sua história. Pisa na cabeça de todo mundo para chegar a um ponto mais alto? Como chegou até onde chegou? Éético? É egoísta?.

E se não chegou onde queria, talvez seja devido às contingências da vida e não porque foi incompetente, sem foco ou porque não seguiu corretamente as dicas dos livros que você leu.

No mundo está cheio de gente que descobriu a sua razão de viver errando e quebrando a cara com os projetos pessoais que não deram certo. Mas vou parar por aqui pois esse texto está começando a se transformar em autoajuda.

Obs: O autor é Psicólogo, palestrante, terapeuta de família casal.
Imagem enviada pelo autor.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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