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Você já se perguntou ou ouviu alguém perguntar se a Bíblia que lemos hoje seria o mesmo texto dos originais? Nunca ouviu alguém alegar que alguém alterou o Novo Testamento no passar dos anos, de maneira que seria impossível saber se o que temos hoje reflete mesmo o que foi escrito pelos apóstolos e demais autores? Essas perguntas são muito comuns e, na realidade, devem mesmo ser feitas em relação a não apenas o Novo Testamento, mas também a todo documento antigo.

Ao investigarmos os documentos da Antiguidade, o que descobrimos é impressionante. A conclusão mais importante é a de que, se comparado com os principais textos da Antiguidade, o Novo Testamento deve ser considerado de longe o texto mais confiável já escrito pela humanidade. Quero dizer que, utilizando os critérios da História, ao analisarmos cientificamente o Novo Testamento, concluímos que o ele é muito mais confiável como cópia fiel de seus originais do que textos como os de Platão, Aristóteles, Sófocles, entre muitos outros.

Você está curioso em saber o porquê disso? Ótimo, pois este será o tema do nosso bate-papo de hoje. Vamos a ele.

Quero deixar logo claro que a humanidade não possui os originais de nenhuma das obras da Antiguidade. Elas foram destruídas pelo tempo, de maneira que somente restaram os manuscritos que na época os copistas  fizeram dessas obras. Os manuscritos, como o próprio nome diz, são cópias dos textos originais feitas pelos copistas, a mão e palavra por palavra. Veja que não considerarei aqui traduções feitas para outras línguas antigas, mas apenas os manuscritos na língua em que os originais foram escritos; no caso do Novo Testamento, o grego.

Sabendo disso, veja que para que possamos começar a estudar o porquê da confiabilidade dos textos do Novo Testamento em relação aos seus originais, temos que saber quais são os critérios que os estudiosos utilizam para aferir essa confiabilidade nos textos antigos. Uma vez que saibamos quais são, iremos utilizá-los.

Os principais critérios são os seguintes:

  1. Lapso temporal entre a cópia mais antiga e o tempo do original, ou seja, o tempo entre a data em que os originais foram escritos e a data em que o manuscrito mais antigo que temos foi escrito; e
  2. Número de manuscritos existentes.

Você sabe por que esses critérios são escolhidos pelos historiadores e demais estudiosos de documentos antigos? As razões são simples. Explico.

Quando temos um manuscrito que foi escrito perto da data em que os originais foram escritos, podemos inferir que a probabilidade de alteração é menor do que se este tempo fosse mais longo. Por exemplo, se um original foi escrito no Século I e temos em mãos uma cópia (manuscrito) escrita no Século II, isso dá muito mais confiabilidade do que se tivéssemos somente cópias a partir do Séc. VII, por exemplo. É que, com o manuscrito do Século II, podemos ter certeza que houve menos tempo para eventuais alterações que um copista desatento ou mesmo mal-intencionado poderia ter feito. Com 100 anos de diferença as chances de alteração são menores do que com 600 anos, não é mesmo?

Você pode estar pensando agora: e se, mesmo com os 100 anos, algum copista bem antigo alterou o manuscrito? Como poderemos saber isso? É aí que entra o segundo critério: o do número de manuscritos. Veja que quanto maior for o número de manuscritos existentes, mais fácil fica identificar uma eventual alteração que um copista tenha feito. Explico.

Vamos supor um exemplo hipotético em que um copista tenha alterado um manuscrito de propósito. Veja que, se só houvesse mais quatro manuscritos encontrados desse documento além do alterado, essa alteração estaria em 20% dos manuscritos existentes (1 em 5 manuscritos), concorda? Mas, em uma situação em que existissem mais 99 manuscritos, então a alteração representaria apenas 1% dos manuscritos existentes (1 em 100 manuscritos). Em outras palavras, quanto mais manuscritos temos, mais fácil fica identificar uma cópia que tenha um trecho eventualmente alterado, pois a semelhança dos demais denuncia a alteração. Não é interessante este método?

Apresentadas as justificativas dos critérios, gostaria de lembrá-los, para que não haja nenhuma dúvida, dos critérios em si. Sendo assim, conforme vimos, temos então dois critérios para analisar os textos da Antiguidade:

  1. Lapso temporalentre original e manuscrito mais antigo; e
  2. Número de manuscritos

Vamos ver agora como os textos da antiguidade se saem nestes quesitos? Repare bem na tabela abaixo, em que apresento as principais obras da Antiguidade a partir da ordem crescente de manuscritos existentes hoje em dia na posse da humanidade.

Você notou, que de forma absolutamente impressionante, o Novo Testamento é campeão disparado em qualquer critério que se apresente? Digo mais, mesmo que nós somássemos todas as cópias de todas as demais obras apresentadas na tabela, o valor obtido (932) representaria apenas 16% do número de Cópias do Novo Testamento. Isso, repito, considerando todas as demais obras em conjunto como se fosse uma só em comparação com o Novo Testamento; se consideradas individualmente, a pontuação que elas alcançam na corrida da confiabilidade é muitíssimo baixa mesmo. O que dizer de obras tão festejadas, como as de Aristóteles, que se baseiam em míseras 5 cópias? Não é no mínimo estranho que ninguém alegue eventual alteração nas obras de Aristóteles, com apenas 5 manuscritos, sendo o mais antigo deles escrito 14 séculos depois dos originais, e muitos ataquem o Novo Testamento quando é disparado o mais confiável da Antiguidade?

Olhe que não estou nem considerando as cópias antigas do Novo Testamento em que as pessoas traduziam para outras línguas, como o árabe, por exemplo. Se formos somar também as traduções do Novo Testamento para línguas da época, chegamos ao número de 25000 manuscritos, mais ou menos. Um recorde absolutamente incrível e nem de perto igualável. Mesmo a Ilíada, uma obra central para os gregos, fica em um segundo lugar bastante desonroso nesta corrida.

O recorde do número de manuscritos do Novo Testamento é ainda mais incrível porque se trata de um livro que foi perseguido, inclusive com determinação imperial para que fosse destruído. O imperador romano Diocleciano, para citar um exemplo, determinou por volta do ano 303 d.C. que todas as cópias encontradas fossem destruídas.

Mas, o mais impressionante mesmo eu nem disse ainda. Quanto maior for o número de cópias de um documento, maior é a chance de haver disparidade entre essas cópias, pois temos muitas oportunidades em que isso poderia ter ocorrido. Mais uma vez, o Novo Testamento é campeão.

As 5686 cópias do Novo Testamento, se comparadas entre si, são absolutamente iguais em 99.5% dos casos. Isso é um recorde absolutamente avassalador, principalmente porque quando analisados o 0,5% de discrepância, concluímos que 4 de cada 5 diferenças decorre apenas de erro de ortografia. E nenhuma discrepância entre as cópias, registre bem, nenhuma discrepância entre as cópias diz respeito a um tema central do Cristianismo.

A sabedoria de Deus é mesmo incrível e seus planos são infalíveis. Certa vez, em uma palestra que proferia em uma cidade do Brasil, um jovem me perguntou: por que Deus, sendo todo-poderoso, não fez com que os originais fossem mantidos? Ora, a razão é que manter os originais não seria a melhor estratégia. Fazendo com que tantas cópias assim existam, mesmo que uma pessoa ou uma instituição queira alterar uma delas, conforme vimos, essa alteração não prosperaria. Qualquer alteração, por menor que fosse, seria facilmente denunciada pelos outros manuscritos. Se o original tivesse sido preservado, aquela pessoa ou instituição religiosa que tivesse estivesse na posse desse original, poderia fazer a alteração que quisesse. Como, graças à estratégia adotada por Deus de manter a Sua palavra não pela preservação dos originais, mas sim a da grande quantidade de cópias, podemos ter certeza que o que lemos no Novo Testamento de hoje é exatamente o que son inspiração divina os apóstolos e demais escritores escreveram nos originais.

Deus abençoe,

Obs: Tassos Lycurgo é presidente do Defesa da Fé Ministério (defesadafe.org) e do Faith.College, pastor da Igreja Defesa da Fé em Natal – RN, ordenado pelo RMAI (EUA), advogado (OAB/RN), professor da UFRN no Programa de Pós-graduação em Design, professor do RBT College (Guatemala), professor convidado do RBT College (EUA) e professor visitante da Oral Roberts University (EUA, 2012-2015). É Pós-Doutor em Apologética Cristã (ORU, EUA) e em Sociologia Jurídica (UFPB), PhD em Educação – Matemática/Lógica (UFRN), Mestre em Filosofia Analítica (Sussex University, Inglaterra), Especialista em Direito Material e Processual do Trabalho (UNIDERP), Graduado em Direito (URCA), Filosofia (UFRN), Liderança Avançada (Haggai Institute, Tailândia), Ministério Pastoral e Estudos Bíblicos (RBT College, EUA), tendo também estudado na Noruega. Publicou nove livros, sendo o último deles: “Job. Betrayed by God? Delivered to the Devil?”, cuja publicação para o português se deu pelo título “Jó. Traído por Deus? Entregue ao Diabo?”

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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