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Todos os dias, à tarde surgida,
o passarinho cumpre o mesmo enredo:
deixa o seu ninho oculto no arvoredo,
voa lonjuras arriscando a vida.
Quando reencontra a casa carcomida,
pela janela entra no quarto e, ledo,
outra vez pousa no franzino dedo
da mão que um dia trouxe-lhe comida.
O velho, ao vê-lo, sorri, mas no peito
o coração cansado, com defeito,
desiste de enfrentar a enfermidade.
E o passarinho, ao perceber a entrega,
tomba no leito e a própria vida nega
para voar, com ele, à eternidade.
Obs: Imagem enviada pelo autor.
Imagem: Dominique Faget/AFP
O autor é membro da Academia Pindamonhagabense de Letras é autor de: Lágrimas de Amor – poesia; O sapinho jogador de futebol – infantil; O estuprador de velhinhas & outros casos – contos; Histórias de uma índia puri – infanto-juvenil; O casamento do Conde Fá com a Princesa do Norte, e Um caso de amor na Parada Vovó Laurinda – cordéis.