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Quem arrisca sua vida por uma causa justa e morre é um herói. Quem arrisca sua vida pelo bem de outros seres humanos e morre, é um mártir. Hoje celebramos não uma heroína, mas uma mártir na e da Amazônia. Irmã Dorothy Stang, foi assassinada no dia 12 de fevereiro de 2005, aos 73 anos. Por 24b anos viveu para os pobres posseiros do município de Anapu, no Pará. Norte americana de nascimento e amazônida por vontade e vocação. Hoje celebramos 18 anos desde que Dorothy morreu e ressuscitou.
Sobre ela o bispo emérito do Xingu, Dom Erwin Krautler dá o seguinte testemunho: “o que me impressionou, desde que ela chegou aqui, em 1982, é a sua opção radical pelos pobre. Foi para uma área que, naquela época era, não apenas de pobreza, mas de miséria”. Ele ainda afirma, “eu quase não acreditei no início, porque essa mulher vem lá dos Estados Unidos, do conforto e tudo o que tem lá naquele país, e vai se meter numa situação, numa realidade tão cruel. Mas ela foi, e ficou até o dia da sua morte”.
Esta santa mártir não é a única que derramou seu sangue pelo bem dos outros. De acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), de 2005 a 2014, 325 pessoas foram vítimas de assassinatos motivados por conflitos agrários. Mais da metade destes casos aconteceram na Amazônia Legal. E mais, tantos outros mártires na Amazônia das recentes décadas: Zé Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, casal de líderes extrativistas era conhecido pela defesa do manejo sustentável da mata e pela oposição a sua exploração irrestrita. Sindicalista Josias de Castro e sua esposa, Ereni Silva, em agosto do ano passado, em Guariba, no Mato Grosso; e também ao assassinato de José Dutra da Costa, o Dezinho, ocorrido em novembro de 2000, em Rondon do Pará.
A lista dos mártires continua: Alejandro Labaka e Inés Arango, Ezequiel Ramin, Chico Mendes, Josimo Tavares, Vicente Cañas, Cleusa Rody Coelho, Alcides Jiménez, Rodolfo Lunkenbein e Simón Bororo, além de muitos outros.
O mestre Jesus garantiu: ”Felizes os que são perseguidos por defenderem a justiça porque destes e destas é o Reino de Deus”. Eis um recado para quem luta pelo bem dos outros.
Obs: O autor é membro da organização da Caravana 2016
Coordenador da Comissão Justiça e Paz da Diocese de Santarém (PA) e membro do Movimento Tapajós Vivo.
Autor dos livros: Amazônia: o que será amanhã? (Vol I e II) e Uma revolução que ainda não aconteceu.