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Dois garotos acham o produto de um roubo a banco, ou seja, milhões em dinheiro. Mas os dois possuem um desafio: gastar tudo antes que o Reino Unido converta sua moeda para Euro. Pior, o prazo é de uma semana. “Caiu do Céu”, de Danny Boyle, traz a reflexão sobre a honestidade, a utilização da razão que nos faz pensar sobre o sentido das situações nas quais nos encontramos.

A leitura de Jesus na sinagoga de Nazaré (Lc 1, 1-4; 14-21), na verdade, é a apresentação de seu programa de vida, que deveria ser o programa de vida de todo o cristão. O texto de Isaias lido por Jesus se resume na libertação dos cativos, na recuperação daqueles que são cegos, na libertação dos oprimidos, enfim, na boa nova para os pobres. Este programa é algo bem concreto e não pode ser espiritualizado. Basta pensarmos seriamente o que seria uma boa notícia para os pobres. Ela não consiste simplesmente em um anúncio de que Deus os ama. Uma boa notícia para os pobres seria a de que eles deixariam de ser pobres, de que a pobreza não condiz com a sua dignidade de filhos de Deus. Em outras palavras, a boa nova para os pobres seria a educação de seus filhos, a garantia de emprego, de uma casa, de segurança, de uma boa aposentadoria, etc. Portanto, a missão de Jesus não é simplesmente religiosa nos parâmetros que temos hoje, mas ela é essencialmente política. Como escreveram os bispos latino-americanos no documento de Puebla: “A necessidade da presença da Igreja no âmbito político provém do mais íntimo da fé cristã”. Em outras palavras, é impossível evangelizar sem falar em política. Deus não está presente em palavras piedosas ou em um louvor, mas na vivência da justiça, do amor e do respeito profundo à liberdade da pessoa humana. O nosso objetivo como Igreja é a construção do Reino de Deus. Esta realidade deve ser construída no mundo, em nossa sociedade. As bases deste Reino são relações humanas e estruturas que estejam construídas no amor ao próximo. Infelizmente, nos dias atuais, a nossa Igreja fala de religião sem tocar em problemas sociais que atingem gravemente o ser humano. Evangelizar desta forma é cometer um pecado. Se analisarmos teologicamente o conteúdo veiculado pelo canal católico de televisão “Canção Nova”, pelos programas de televisão do RR Soares e do Bispo Edir Macedo não há grandes diferenças. A relação entre Deus e o homem é praticamente a mesma. Uma relação intimista e individualista. No máximo que nossa Igreja está realizando em sua maioria é uma ação assistencialista. Exatamente esta é a ação que o Estado e as elites dominantes desejam que as religiões realizem. Ou seja, nós pagamos nossos impostos, estes não são destinados a seus reais objetivos, e as igrejas devem cuidar daqueles que são abandonados pelo Estado: os pobres. Ora, se existe a perspectiva da formação de uma favela, a missão da Igreja não é dar assistência aos favelados, mas exigir, por exemplo, que a Cohab venha realmente a funcionar para a não existência de favelas. Cada cristão é um membro da Igreja e como tal tem por obrigação a denúncia, o protesto, a exigência pela justiça, pela igualdade e pela dignidade dos filhos de Deus.  Este é o projeto de vida que realmente dá significado para a nossa existência.