Por ocasião da celebração dos 40 anos de seu Martírio

Seu filho Santinho relata: meu pai era um camponês que compreendeu seu lugar no mundo e para reivindicar direitos organizou o sindicato; por isso, foi expulso da terra e foi trabalhar como boia-fria já marcado pelo patrão como “elemento perigoso”; tornou-se metalúrgico e, movido por sua fé evangélica, meteu-se na luta de bairro, na luta sindical e na luta operária; foi morto covardemente pela polícia militar de SP, no dia 30/10/1979, tentando conversar sobre o legítimo direito de greve por direitos.

  1. Repetiu-se o que aconteceu com os primeiros cristãos: o sangue do mártir virou semente de novos militantes que se mobilizaram num imenso protesto. O governo tentou meter medo, ofertar carro de bombeiro, caixão de rico… o povo conduziu seu Santo nos braços. Toda a família segue com orgulho do Pai para não deixar morrer seu sonho que deve ser o sonho de toda a classe oprimida.
  2. Vinicius de Morais em seu poema “Operário em Construção” descreve bem o processo de como um simples operário em construção deixa de ser só força de trabalho para ser Classe trabalhadora, Ator Político na sociedade: quem sempre dizia sim, aprendeu a dizer não à manipulação, à exploração…
  3. Ato político, não é evento, senão é só um incêndio que só deixa cinzas. Este ato é a celebração de uma trajetória que tem antecedente de luta, que luta hoje, e se compromete com sua continuidade.
  4. Fazer sua Memória não é ritual ou saudosismo – é atualizar o compromisso com a causa da vida e a indignação contra toda forma de injustiça e por conquistas e as mudanças, em nós e no mundo.
  5. Martírio nunca pode ser um objetivo, é consequência de quem luta pela vida e doa até a própria vida para que o povo não seja martirizado. Heroi ou santo tem sido uma forma de esvaziar sua radicalidade.
  6. A História de Santo Dias não é uma data, serve para recordar (passar de novo pelo coração) as inspirações que nos movem e para reanimar a nós mesmos e as novas gerações, a construção da felicidade.
  7. Nosso compromisso só pode ser retomar a luta de transformar, pela raiz, a sociedade capitalista. Que não basta melhorar de vida. O capitalismo não quer que todos tenham vida em abundância. Por isso, nossa pátria é outra, lá tudo será repartido em comum, conforme a necessidade de cada um.
  8. A comemoração é para dizer que não estamos mortos: somos combatentes de uma causa invencível. Resistimos para sobreviver e para reafirmar nossas certezas e perseverar na espera do verbo esperançar.
  9. Santo nos convoca à unidade diante do inimigo poderoso; de descobrir o que nos une e evitar toda briga intestina, sectarismo, personalismo, vaidades… na família, nas organizações, na sociedade.
  10. A memória de Santo Dias acontece em meio da mobilização da Pátria Grande Latino-americana clamando por solidariedade frente a brutal repressão de governos conservadores e neoliberais: Chile, Equador, Bolívia, Uruguai, Argentina… p r e s e n t e s!! El Pueblo unido jamás será vencido!!

30.10.19

Obs: Imagem enviada pelo autor.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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