Padre Beto 15 de janeiro de 2020

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J.R. está feliz em sair com seus amigos da Little Italy de New York. Mas o amor na figura de uma amiga da faculdade logo joga o rapaz em um tumulto que desafia o seu modo de olhar a vida. O pano de fundo é a culpa do protagonista: JR não se importa em transar com mulheres que não vai mais ver, mas se recusava a fazer sexo com a namorada, a quem amava, antes do casamento. Inicialmente projetado como um curta-metragem em 1965, “Quem Bate à Minha Porta?”, do então iniciante Martin Scorsese, levou quatro anos para ganhar lançamento comercial.

Epifania significa manifestação divina. Esta, porém, não se constitui em algo extraordinário fora das leis naturais da vida, mas um fenômeno que deve acontecer por nossa vontade e, muitas vezes, não acontece. A manifestação divina é o fenômeno que gera transcendência e promove a vida. Ela não é uma visão fantástica ou um acontecimento fora do “normal”, mas uma ação que faz com que a vida se transforme para um bem maior. Mateus descreve a Epifania do Senhor (Mt. 2, 1-12) através de uma simples visita de magos, de astrônomos, a um menino. Esta ação não é extraordinária no sentido de estar fora das leis naturais, mas não deixa de ser uma ação que retira os magos de sua terra e os faz adorar uma criança por acreditarem que ela possuía algo divino. Mas, afinal, o que a epifania do Senhor tem a nos dizer nos dias de hoje? Muito! Em primeiro lugar, somos convidados a viver o conteúdo pregado por Jesus. Um conteúdo muito simples, mas que só pode ser vivido por pessoas inteligentes e sensíveis: amar ao outro e amar a vida. Não fazer ao outro o que não gostaríamos que fizessem conosco. Fazer ao outro o que gostaríamos que fizessem conosco. Através deste comportamento Deus se manifesta em nós. Nos tornamos, assim, epifanias para as outras pessoas. Em segundo lugar, é compreender que a epifania é universal, ou seja, a manifestação divina deve acontecer em todo o mundo, em todos os mundos em que vivemos. No mundo individual não podemos perder a nossa autenticidade e veracidade, como também não podemos ser autoritários obrigando os outros a viver conforme desejamos. No mundo familiar deve-se cultivar o diálogo que nos leva a compreender que o outro pode ser diferente e isso não é motivo para deixarmos de ter convivência com ele. No mundo do trabalho deve-se viver a partilha justa, através da qual o trabalhador possa ter uma condição digna de vida e a empresa possa se desenvolver para o bem de todos. No mundo da política deve-se administrar o dinheiro que é de todos para uma boa educação dos jovens, para uma saúde preventiva para os sadios e eficaz para os doentes, uma aposentadoria para que as pessoas de idade avançada possam usufruir da vida. Enfim, ser epifania, manifestação divina, significa transmitir Deus através de nossos comportamentos e atitudes. Isso exige que sejamos pessoas comprometidas com a vida e nos manifestemos sempre que alguma coisa está errada, ou seja, algo esteja destruindo a vida ao invés de contribuir para o seu desenvolvimento. Interessante que Jesus constituiu uma comunidade para anunciar a sua palavra de justiça e de amor. Aqui está a essência do cristão: se organizar para a vida. Jesus não criou paróquias, mas comunidade. Se uma paróquia não se importa com o que acontece com as pessoas que vivem nos bairros que lhe pertencem, não se importa se as pessoas são bem atendidas nos postos de saúde ao seu redor, a paróquia não está sendo uma comunidade cristã, isto é, uma epifania do Senhor para o mundo. Ser epifania só tem sentido se direcionada para o mundo. Nós não vamos à missa para Deus, mas vamos à missa para nos enchermos de Deus e sermos sua manifestação Dele nos mundos que frequentamos.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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