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De onde estiver e como puder, participe das propostas do Fórum Social das Resistências. De 21 a 25 de janeiro, em Porto Alegre, esse encontro de movimentos sociais e comunidades buscará formas mais justas de organizar a sociedade.

Nesse início de ano, as pessoas se desejam feliz ano novo. No entanto, nem todas se dão conta de que, a cada dia, se torna mais urgente e inadiável organizar a sociedade de forma nova e justa. Para o Brasil e toda a América Latina, a maioria dos analistas preveem um 2020 muito difícil, com forte aumento das desigualdades sociais.  O acirramento da intervenção do império norte-americano nos países continuará gerando crises e violências sociais.  No plano ecológico, também as perspectivas não são otimistas. Governos entregam nossos territórios e cidades às empresas mineradoras e multinacionais dos agrotóxicos. Cada vez mais, as pessoas se organizam não por países ou por culturas e sim em comunidades virtuais, congregadas pela internet. Logo atrás dos Estados Unidos, o Brasil é dos países nos quais há mais pessoas ligadas ao zap e às redes sociais. As empresas aprimoram modos de controle e vigilância sobre os cidadãos. Poucos se dão conta de que oferecem seus dados pessoais para serem utilizados de acordo com os interesses dos donos das redes sociais.

A sociedade dominante não leva em conta as necessidades verdadeiras da humanidade.  As decisões sobre o futuro têm se concentrado nas mãos de poucos. Estes mantêm o controle do capital global e estão em luta entre si por cada vez mais poder e enriquecimento. Essa elite não leva em conta o direito de todos os seres vivos (humanos, micróbios, plantas, espécies animais). O mercado se tornou instrumento de dominação de empresas transnacionais, anônimas e impessoais. Esse sistema transforma tudo em mercadoria e possível de ser privatizado, inclusive as formas de vida. Nessa realidade social e política, quem representa os seres vivos? Quem poderia falar em nome da humanidade? Perguntas como essas provocaram pessoas de vários continentes a se organizarem e a proporem uma aliança da humanidade em favor da vida. É a Ágora dos/das Habitantes da Terra.

Apesar de todas as dificuldades, os movimentos sociais se organizam e buscam uma articulação mais fecunda. A partir da próxima semana, de 21 a 25 de janeiro, ocorrerá em Porto Alegre o Fórum Social das Resistências. Ali, milhares de pessoas, vindas de diversos países do continente e mesmo com representantes de outras partes do mundo discutirão novos rumos para a construção de um novo mundo possível.

Representantes de povos indígenas e de comunidades quilombolas se reunirão com líderes dos movimentos de trabalhadores. A juventude fará um acampamento internacional de jovens. Haverá um encontro de teólogos/as da libertação e uma oficina sobre a proposta da Ágora dos/as habitantes da Terra.

Para quem vive um caminho espiritual, participar desse trabalho coletivo para transformar a sociedade se revela como modo de viver a intimidade com o Mistério Divino. Nas Igrejas cristãs, cada dia mais se desenvolvem pastorais sociais que cultivam uma espiritualidade libertadora. O caminho da intimidade com o Espírito se dá na caminhada social e política por um novo mundo possível. É nas lutas sociais e na inserção em meio aos pobres que comunidades eclesiais de base e militantes cristãos experimentam a presença do Amor Divino.  Uma Igreja cristã deveria ser ensaio de uma sociedade nova alternativa, baseada na justiça, na paz e na comunhão com a Terra e com a natureza.

Obs: O autor é monge beneditino e teólogo católico é especializado em Bíblia e assessor nacional do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos, das comunidades eclesiais de base e de movimentos populares.
É coordenador latino-americano da ASETT (Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro Mundo) e autor de 57 livros publicados no Brasil e em outros países. O mais recente é Teologias da Libertação para os nossos dias (Vozes).

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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