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Ontem acordei e me (re)pus de frente ao espelho, pela 36 vez.
E a primeira constatação é de que devo ter amanhecido com um fio de cabelo branco a mais…
Velho? Logicamente que sim.
Esse é o efeito natural da vida: já nascemos envelhecendo…
Me lembrei de toda uma caminhada já percorrida,
Dos sonhos que se tornaram realidades,
De alguns outros sonhos que se perderam pelo caminho…
Sou presente.
Sou a porcentagem das aspirações de outrora,
Sou também a metamorfose ambulante disdizendo, muitas vezes, aquilo que eu já tinha dito antes…
Sou menino-homem, também…
Sou, também, um homem em frente ao espelho da vida.
Aliás, meu espelho é só metáfora.
Sou caríssimo, sou calado, sou na minha…
E embora, solitário, sou amor.
Sou ser em contínua construção: já fui muitos em um só.
Heterônimos? Talvez…
Sou poesia introspectiva.
Vaguei me vendo, autorretrato, no espelho.
Voltei a vida
E lá estava eu num delicioso jantar preparado por ela.
Obs: O autor é poeta e fotógrafo amador. Trabalha na UFOPA / campus de Óbidos.