www.mariainezdoespiritosanto.com

Hoje ouvi uma história muito simples e muito interessante:

“Uma pessoa, visitando o Rio de Janeiro, sem conhecer a cidade, precisa ir a Madureira.

Pede informações à única pessoa que encontra, num ponto de ônibus:

– Por favor, o Sr. pode me informar como chegar a Madureira?

– Infelizmente não sei também. Mas, espere. Tenho um amigo que certamente saberá lhe dar esta informação. Ele conhece muito bem a cidade. Aqui está o número do telefone dele. Tome: eu tenho, aqui, um cartão telefônico. Pode usá-lo. Logo ali na frente,  tem um orelhão. Ligue para ele. Ih! Desculpe-me agora, preciso correr, vem vindo meu ônibus.

O visitante mal tem tempo de agradecer, antes do outro se afastar, e vai direto para o orelhão. Faz a ligação e, de fato, é prontamente atendido pela pessoa indicada:

– Ah, sim! Claro que posso lhe dizer como chegar a Madureira. Mas para isso  preciso saber: onde o Sr. está agora?

E só aí o sujeito que precisa da informação se dá conta de sua situação e responde:

– Ih! Não sei.”

Claro que é apenas uma historinha simbólica. Mas que nos  faz pensar,  provoca reflexão, que é para o que servem as boas histórias.

Às vezes a gente pensa que o mais importante na vida é ter um objetivo. E esquece que o verdadeiro objetivo parte de uma realidade.

Isto vale pra tudo na vida, especialmente para o sentido da própria existência. Aprendemos a importância de perguntar: onde queremos chegar? E também por quê? E para quê? Mas muitas vezes esquecemos que precisamos primeiro saber onde estamos. E esse “lugar” onde estamos é mutável a cada momento. Como, conseqüentemente, serão alteráveis  nossos destino e objetivo.

Talvez a grande sabedoria consista em fazer o exercício diário de se perguntar a cada manhã:

– De onde parto hoje? Onde, de fato,  estou?

 Para só então planejar, projetar, buscar condições de perseguir um objetivo, que, também esse, estará sempre se deslocando e nos levando mais adiante…

Depois de ouvir a história fiquei pensando que essa é uma das funções da educação e da psicoterapia: possibilitar que o sujeito perceba o lugar que ocupa e, através disso, facilitar-lhe a enunciação de seu desejo e a partir dele, a expressão de seus múltiplos talentos.

Michel Robim, instrutor docente e diretor do Núcleo Rio Aberto Rio – Brasil foi quem contou a história a  um grupo do qual eu fazia parte, hoje cedo. Fico grata a ele que me fez lembrar a importância de marcar constantemente meu lugar no mapa. E de ajudar outras pessoas a fazerem o mesmo exercício. “Pisar em cena”, como me recomendava o saudoso psicanalista Lourival Coimbra  tem a ver com isso também. Mas aí é papo pra outro dia…

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


busca
autores

Autores

biblioteca

Biblioteca

Entrelaços do Coração é uma revista online e sem fins lucrativos compartilhada por diversos autores. Neste espaço, você encontra várias vertentes da literatura: atualidades, crônicas, reportagens, contos, poesias, fotografias, entre outros. Não há linha específica a ser seguida, pois acreditamos que a unidade do SER é buscada na multiplicidade de ideias, sonhos, projetos. Cada autor assume inteira responsabilidade sobre o conteúdo, não representando necessariamente a linha editorial dos demais.
Poemas Silenciosos

Flickr do (Entre)laços
[slickr-flickr type=slideshow]