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Foram anos de muito cuidado. A aparência, sem marcas, não denunciava a idade. Todos se impressionavam quando ouviam sua idade. Mas de uns meses pra cá a idade pesou. O vigor deu lugar a um cansaço constante. Não se passava um terço do dia sem que precisasse descansar e recompor as energias. Apesar dos pesares a vida seguia… Mas quando as coisas estão boas demais é quase sempre prenúncio de tragédia. E ela chegou de supetão.
Foi ao entardecer. Não era hábito trocar a escrivaninha pela caminhada. Mas convencido pelo cansaço e consciente da necessidade vestiu-se de trajes adequados: tênis, calção e camisa. Por último, pegou o celular e foi aí que a tragédia aconteceu, pois se esquecera que o calção era de bolso curto. Sentou-se para amarrar os cadarços enquanto ouviu um leve barulho. A priori nem se dera conta do que estava por vir. Pôs as mãos no bolso e um calafrio lhe tomou conta. Olhou para baixo e la estava jogado feito indigente. Respirou profundamente e ao desvirá-lo se deu conta que a queda não tinha sido somente um acidente mas um acidente fatal: estava com o rosto todo estilhaçado. E pior: sem nenhum comando de toque. Sim! Meu celular partiu dessa pra uma melhor.
* 2015
♰ 2019
Obs: O autor é poeta e fotógrafo amador. Trabalha na UFOPA / campus de Óbidos.