elza fraga 1 de dezembro de 2019

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Eu posso
acordar tarde em qualquer manhã de qualquer dia.
Ou acordar cedo se me der na telha.

Eu posso
arrumar minha cama, afofar travesseiros, dobrar manta.
Ou deixar meu ninho em permanente estado de indolência e desalinho.

Eu posso
sair e andarilhar atrás de flores, com sol queimando a cara ou com chuva lambendo meus cabelos.
Ou me esparramar no sofá, fechar meus olhos em lembranças, visualizar as praias lindas com as conchinhas catadas pelas minhas mãos em dias nem tão distantes.

Eu posso
receber uma ligação e me pendurar por várias horas escutando o que vem do outro lado deste fio imaginário. E rir, e me surpreender, e saber das últimas notícias dos amigos.
Ou desligar o telefone e poupar minhas baterias num silêncio bendito reverenciando a vida.

Eu posso
preparar minha refeição, sentar no sofá com o prato na mão, comer vendo filme na TV, largar o prato na mesinha ao lado, resvalar pra posição deitada, e me encolher.
Ou decidir fazer jejum para entrar naquela calça número 40 abandonada no cabide, tirar meu tapete de ioga do armário, me alongar, depois me distender em posições equilibradas, em asanas que me lembram asas.

Eu posso
me agitar em caminhadas longas, suando a camiseta, cumprimentando com acenos os que andam desfrutando a paisagem, vagarosamente.
Ou parar em frente as roseiras da praça, observar o crescimento, o tamanho da pétalas, a cor, a que mais se comportou no galho, a que se entortou todinha pra chamar minha atenção.

Eu posso
ganhar horas na meditação em plena tarde.
Ou adiar pra depois da meia noite, já num novo dia, por pura preguiça.

Eu posso
ouvir música clássica em dias de chuva.
Ou colocar a melodia que me lembre requebrado, e sair dançando pela sala, pelo quarto.

Eu posso
ser a própria música e cantar desafinada sem me importar se vai vazar minha alegria pro apartamento do vizinho.
Ou apenas sussurrar
🎶 aquela canção que se ouvia nas noites nos bares de então 🎶

Eu posso
ser a fake que agora escreve, leve por não ter identidade, gostando de ser alter-ego.
Ou posso me vestir de CPF e RG, colocar a cara verdadeira na estrada, kagar e andar pra todo esse processo que me levou ao esconderijo, ao recolhimento, ao anonimato.

Eu posso ser o que eu quiser.
E tenho pena de quem nem sabe bem quem é.

Fake mais bem resolvido do planeta terra.
E acordada!

Ahow
💫💫💫

Obs: Imagem enviada pela autora

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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