D. Edvaldo G. Amaral 15 de dezembro de 2019

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Haverá santos entre os políticos? Felizmente podemos já citar alguns.

Começo pelo famoso prefeito de Florença, Jorge La Pira, duas vezes eleito para o cargo no agitado pós-guerra italiano, de 1951 a 1957 e de 1961 a 1965. Cognominado “o prefeito santo”, já  tem em seu processo de beatificação o título de Servo de Deus.

Outro político cristão notável da Itália é Igino Giordano (1894-1980). Foi bibliotecário da Biblioteca Vaticana e, com Chiara Lubich, foi fundador do Movimento dos Focolares, onde viveu a política de comunhão. Ativo na vida pública italiana, após a segunda guerra mundial, participou como deputado da Assembleia Constituinte, que deu forma à república italiana. Definia a política como “a caridade em ato”. Tinha no Movimento o nome de Foco. Faleceu em Rocca di Papa na casa dos focolarinos. Também está em curso seu processo de beatificação e canonização.

 Não propriamente político, mas príncipe da casa real da Polônia, Augusto Czartoryski nasceu em 1858 em Paris, onde sua família, herdeira do trono polonês, se exilara. Foi seu preceptor o frade carmelita José Kalinowski, canonizado por S. João Paulo II em 1991. O acontecimento que marcou o rumo de sua vida foi o encontro com Dom Bosco em sua residência em Paris, o Palácio Lambert. Daí nasceu para o príncipe Augusto a plena convicção de que não só era chamado ao sacerdócio, mas que devia sê-lo como salesiano. Dom Bosco relutou quanto pôde em receber um príncipe em sua pobre Congregação, destinada à educação de meninos pobres. Foi uma ordem do Papa Leão XIII que o obrigou a aceitá-lo na humilde Sociedade de S. Francisco de Sales. Recebeu a batina  das mãos de Dom Bosco em 1887 na Basílica de Maria Auxiliadora em Turim, com os colegas de sua turma. Logo se revelou a doença fatal que o levaria à tumba: tuberculose pulmonar. Neste tempo, teve como acompanhante o Servo de Deus, Pe. André Beltrami, o salesiano especial, de quem escrevi no “O Semeador” de 19 de março último. Preparado pelo sofrimento, o príncipe Augusto foi ordenado presbítero em 2 de abril de 1892 e teve brevíssima vida sacerdotal. Partiu para a pátria celeste em 8 de abril de 1893. São João Paulo II, seu conterrâneo, no entardecer de seu pontificado, declarou-o Beato em solene cerimônia, na Praça de São Pedro em Roma, em 24 de abril de 2004.

Termino, lembrando que já o  Beato Paulo VI proclamara que a política é a mais alta forma do exercício da caridade, porque é um  serviço prestado a um povo, que delegou  a alguém poderes especiais na busca do bem comum. O mesmo também ensinou S. João Paulo II em suas viagens ao redor do mundo, lembrando aos homens do poder que eles estavam ali a serviço do povo, para o bem da comunidade humana, e não para seus interesses pessoais.
08.04.16

Obs: O autor é  arcebispo emérito de Maceió.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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