Padre Beto 1 de dezembro de 2019

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Don Johnston acaba de levar o fora de sua namorada. Quando começa a repensar o passado amoroso, Don recebe uma carta misteriosa revelando que ele possui um filho de 19 anos e que possivelmente o menino está a procura do pai. Com a ajuda de seu amigo e vizinho Winston, Don resolve investigar o paradeiro do rapaz (e do remetente da carta), partindo em uma viagem pelos EUA. “Flores Partidas”, de Jim Jarmusch, é um discurso sobre a necessidade de uma vida de veracidade e transparência.

No diálogo com Pilatos (Jo 18, 33-37) Jesus se encontra em um envolvimento mesquinho e repleto de falsidades. Em primeiro lugar, Pilatos representa o poder dominador de Roma que o indaga com ironia e sarcasmo. Em segundo lugar, Jesus está sendo condenado graças às estratégias e artimanhas que expressam a busca de poder. Dentro deste contexto que podemos compreender a frase central de Jesus na passagem citada acima: “Meu Reino não é deste mundo”. Para compreender melhor temos que ter em mente que o mundo não é assim, mas está assim. Em outras palavras, o mundo foi criado Deus da Vida que nos colocou nele e nos deixou em plena liberdade para sermos co-autores de sua obra. Portanto, somos capazes de construir e desconstruir tudo em nosso universo. Mas, ao olharmos para este nosso mundo, descobrimos que ele não é o reino do Cristo. Nós vivemos em uma sociedade marcada pela hipocrisia e pela falsidade, no qual estratégias e artimanhas são utilizadas para atingir o poder individual e muito raramente o bem estar coletivo. Por isso, vivemos em um país com uma péssima política educacional, com precária assistência de saúde, em “franco desenvolvimento”, mas com grandes desigualdades sociais. Nós temos escolas, mas não educação, hospitais, mas não tratamento, desenvolvimento econômico sem distribuição de renda, lutamos individualmente pela sobrevivência, mas não atingimos o sucesso coletivo, somos sede das Olimpíadas, sem termos tradição olímpica, sede da copa do mundo, mas nossos jovens já não possuem mais espaços para o futebol, vivemos em uma democracia, mas ainda somos governados por coronéis. Somos uma sociedade da hipocrisia. O Cristo responde a Pilatos que nasceu para dar testemunho da verdade. Se prestarmos bem atenção em todo o anúncio sobre Jesus nos Evangelhos, a virtude mais ressaltada realmente é a verdade. E esta começa com a veracidade, com a transparência. Na continuação da passagem de Jo 18, 33-37, Pilatos pergunta a Jesus o que é a verdade. Jesus se silencia diante da indagação. Talvez tenha feito isso porque a verdade é muito simples: ela depende da veracidade, da autenticidade. Aqui está inicio do Reino do Cristo, um mundo baseado na franqueza e na transparência, onde não há lugar para a corrupção, a desonestidade, as estratégias de poder e a falsidade. Onde reina a falsidade, Deus não consegue se manter presente.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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