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Contra a velocidade do tempo
o caipira pica o fumo
devagarinho como o passo miúdo
do gato que se aconchega
no fogão de lenha
Na janela a lua se debruça
para o dueto. A viola pendurada
ao lado da peneira deseja carícias
dos dedos contorcidos no roçado
O caipira lambe a palha
e enrola o fumo. Na brasa do graveto
acende a distração. Bebe goles de cachaça,
pigarreia, se levanta
As mãos rugosas seguram a viola
com a delicadeza de quem toca
o corpo da mulher amada
e as cordas gemem de prazer
A moda de viola sem dizer palavra alguma
pontua flores, riachos, passarinhos
e a menina que habita
o coração do violeiro.
Contra a velocidade do tempo
o caipira toca a alma
enquanto lágrimas escorrem
dos olhos da lua
Obs: O autor é membro da Academia Pindamonhagabense de Letras é autor de: Lágrimas de Amor – poesia; O sapinho jogador de futebol – infantil; O estuprador de velhinhas & outros casos – contos; Histórias de uma índia puri – infanto-juvenil; O casamento do Conde Fá com a Princesa do Norte, e Um caso de amor na Parada Vovó Laurinda – cordéis.
Imagem enviada pelo autor.