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1 – Domingo de Cristo Rei  – C: um Rei crucificado
Lc 23,35-43

 Trata-se do maior espetáculo da História. Tanto assim que “o povo permanecia lá, olhando”… Uma tragédia, sem dúvida, anunciada:

  • alguém que gastou sua vida na prática da solidariedade com seu povo, ou melhor, com os excluídos do seu povo e de todos os povos, de todos os tempos e lugares, tal o alcance da sua mensagem e do seu testemunho…
  • alguém que investiu todas as suas energias, toda a sua juventude, toda a sua breve existência a anunciar, com vigor e persistência, seu sonho maior, o Reino de Deus, que é o Reino da Felicidade dos pobres, dos que passam fome, dos que estão chorando, dos que são perseguidos por serem fiéis a Ele… e, por outro lado, a desgraça dos ricos, dos que estão fartos, dos que estão rindo, dos que são bajulados por todos…
  • alguém que denunciou a hipocrisia das lideranças religiosas, incapazes de compadecer-se dos assaltados de todo tipo, que estão morrendo à margem das estradas do mundo…
  • alguém que anunciou a Boa Nova aos empobrecidos, a liberdade aos oprimidos e um tempo novo de reconciliação e de paz… morre agora pregado numa cruz, entre dois marginais, ridicularizado e desafiado: “Salve-se a si mesmo!”…

Neste momento supremo, ele demonstra, de maneira cabal, aquela mesma fidelidade, que demonstrara, no início da sua missão, quando tentado no deserto, não vai na onda do demônio, da busca dos seus interesses e vantagens pessoais. Se é para salvar alguém, que seja o marginal que lhe sofre ao lado.
Este é o Rei que desautoriza e descarta qualquer tentativa de avalizar, em seu nome, a acumulação de riquezas, a concentração de poder, a ostentação de luxo e prestígio mundanos por parte de seus seguidores.
Com que atitudes existenciais, individuais e coletivas, nós o testemunharemos?… Com que rituais, com que cantos celebraremos a sua memória?…

Ah! Se todas as pessoas investidas de PODER se espelhassem diante deste Rei Crucificado, com certeza, encontrariam o modo melhor de legislar, de governar e de julgar. E os destinos da República seriam de justiça, irmandade e paz. Ah! Se pelo menos nas Igrejas, as autoridades dessem testemunho deste Rei, por uma vida de austeridade e simplicidade, de dedicação e serviço, onde qualquer aparência de luxo e qualquer atitude de arrogância desaparecessem. E os pobres agradeceriam, assim como se alegram com a libertação de alguém que representa, por essas razões, para eles e elas, a esperança de um país diferente.

Festa de CRISTO, REI, na Semana da Consciência Negra – C

2 – 1º. Domingo do Advento – A: VIGIAI
Isaías 2,1-5 / C. aos Romanos 13,11-14a Mateus 24,37-44

VIGIAR! Eis o apelo do 1º Domingo do Advento. Não podemos dormir no ponto.

É certo que Ele virá, um dia, na sua glória e majestade, para julgar cada pessoa conforme as suas obras, sua maneira de ter convivido com os demais, sobretudo, sua atenção ou seu descaso para com os mais precisados (Mt 25,31-46).
Por isso mesmo, é preciso estar atento a cada momento, a cada pessoa que cruza o nosso caminho, aos acontecimentos que marcam nosso dia a dia. São sinais de Deus para quem tem olhos de ver … São como estrelas para quem observa os tempos e contempla o céu, como os Magos.
Preparar-se para a sua vinda final é coisa de todo dia, de cada instante, aqui e agora. Ele está sempre chegando. Cuidado para não “passar batido”! De como o acolhemos agora, na pessoa dos irmãos e irmãs, nos desafios de cada dia, dependerá nosso acerto final com ele no final da História: VIGIAI!
Que nosso cantar nos mantenha acordados, vigilantes, à espera do Rei e do seu Reino!

 O ano de 2019 vai terminando com um saldo imenso de desafios à nossa Fé, à nossa Esperança e à nossa Solidariedade: o cenário mundial e nacional é de sombras densas e muita inquietação. Por todo canto, ouvem-se os estertores de um Sistema falido que teima em continuar sua lógica cruel e desumana de mentira, exclusão e morte… Mas também, em toda parte, ouvem-se os Gritos dos Excluídos e Excluídas, com sede e fome da Justiça… É o furacão da Utopia, que anuncia NOVOS TEMPOS, um MUNDO NOVO, possível e urgente. Cristãos e Cristãs, de olho nos “Sinais dos Tempos”, aguardamos com ativa esperança a VINDA DO SENHOR da História, que nos ensinou a pedir todo dia ao Pai: “Venha a nós o vosso Reino. Seja feita a vossa vontade, assim na terra, como no céu”. Nossa militância, em sintonia e comunhão com todos os Movimentos  Populares, reunindo-nos em grupos de base e/ou gritando pelas ruas, é o nosso jeito de esperançar. 

 ……

TEOLOGIAS DA LIBERTAÇÃO

Quarta-feira passada, 27.11, na Igreja das Fronteiras, Recife, com a presença brilhante de Leonardo Boff, foi lançado o livro de Marcelo Barros, precisamente com este título “Teologias da Libertação”, editado pela VOZES. “Teologias”, no plural. Conforme L. Boff, uma boa iniciação às várias Teologias que refletem, especificamente, as diversas realidades, ou faces da “pobreza”, os tipos diversos de empobrecidos, oprimidos ou excluídos: Indígenas, afrodescendentes, LGBTs, Mulheres… O que era, na sua primeira fase, uma Teologia da Libertação genérica, de uns tempos para cá, se desdobra em vários ramos, com um olhar personalizado para cada segmento do povo oprimido. E a gente louva ao Deus da Vida por isso.

Obs: REGINALDO VELOSO, presbítero leigo das CEBs (essa é minha condição eclesiástica atual, o que me deixa particularmente feliz)
– Membro do MTC (Equipe Maria Lorena – Recife)  (terminou meu “mandato” como “Assistente Regional”)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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