Em cada porta,
um gesto travado,
soluço amordaçado…
Na aparência o disfarçado sorriso,
discernimento temido,
lábios enfaixados em um sabor empoeirado…
Descalço removes restos de pratos,
bebendo o vinho em taças fraturadas…
Arquivas no olhar o descaso cruel…
Onde repousar o cansaço?
Onde habitar sem beijar a lama envenenada?
O teu refúgio acolhe a ventania e a solidão embaçada…
Exposto de pés feridos,
alma transparente,
força indomável,
mostras a sabedoria dos marginalizados…
Derrubas os poderosos,
saciando os famintos…
Purificas a oferenda dilacerada
sem intervalo,
na escuta atenta,
palavra bebida na sofreguidão de prosseguir…
Na escuridão a LUZ explode fazendo crescer Tua presença…
Nasceste como príncipe embalado no aconchego de folhas e ferrugens…
No cotidiano dolorido és o Amor que canta a paz
e anuncia nova sociedade,
herança dos que se libertam da vaidade opressora,
construção e luta para resgatar o caminho que se abre em pétalas entrelaçadas,
compromisso selado no testemunho de ser…
30.11.2006 – 22:12h
Obs: Imagem enviada pela autora