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Realmente inédita, em toda a história de Igreja, a festa desse domingo, 27 de abril,  que reuniu na praça de S. Pedro, no Vaticano, o papa santo, emérito, Bento XVI e o Papa Francisco,  que presidiu a solenidade canônico-litúrgica da canonização de dois papas, João XXIII e João Paulo II.

João XXIII foi eleito Papa em 28 de outubro de 1958. Pela sua idade, 77 anos, dizia-se que era um papa de transição. E foi realmente de transição, não no sentido que se dava na época,  de “passageiro”, “transitório”. Nos cinco anos de seu pontificado, ele realizou a grande  transição da Igreja para os tempos modernos com incrível coragem, que surpreendeu o mundo, de realizar um Concílio ecumênico, o Vaticano II, que devia retomar o processo de atualização da Igreja, tentado já no Concílio Vaticano I, bruscamente  suspenso em 1870. O Vaticano II abriu a Igreja para o mundo moderno e iniciou diálogo com as outras religiões e modificou profundamente a liturgia, a oração da Igreja, adatando-a às várias culturas.

Angelo Roncalli – era seu nome de batismo – nasceu no vilarejo Sotto Il Monte, numa família de agricultores pobres. Com bolsa de estudos da diocese de Bérgamo, sua província natal, estudou em Roma no Pontifício Colégio Romano. Ordenado sacerdote, foi secretário do bispo, capelão militar na 1ª Guerra Mundial, núncio apostólico (representante do Papa) na Bulgária, Turquia, Grécia  e em Paris, sendo eleito depois patriarca de Veneza. Presidiu apenas a primeira sessão, de três meses, do Concílio Vaticano II, falecendo aos 3 de junho de 1963. Chamado o “Papa turco”, por seu trabalho diplomático na Oriente Médio, foi porém sobretudo o “Papa Bom”. A bondade foi  sua grande  característica, nas relações da Igreja com todos, protestantes, ortodoxos, judeus, anglicanos e shintoistas.

Karol Wojtila, o primeiro polonês eleito Papa, é de todos nós conhecido, tendo visitado três vezes o nosso país.  Eleito papa em agosto de 1978, após o brevíssimo pontificado de 33 dias de João Paulo I, em sua homenagem  tomou o nome, até então inédito, de João Paulo.  Doutor em filosofia e teologia, era fluente em mais de dez idiomas. Seu pontificado, o segundo maior da história, caracterizou-se por uma incrível atividade apostólica, tendo visitado praticamente o mundo inteiro. Beatificou um número incalculável de candidatos às honras dos altares, canonizando mais santos do que todos os papas juntos, nesses últimos cinco séculos. No famoso encontro de Assis, criticado por muitos, ele estabeleceu diálogo verdadeiro e leal com as outras religiões.

Na praça de São Pedro, em seus funerais, em 2 de abril de 2005, o povo pedia com muitos cartazes: SANTO SUBITO!  Santo logo!

Obs: O autor é  arcebispo emérito de Maceió.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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