Lourença Lou 1 de novembro de 2019

queria fazer um poema
onde pudesse relembrar
o primeiro beijo
os skates na praça
a goiaba roubada do vizinho
a cola de matemática
a mordida na maçã proibida

um poema onde nunca mais
precisasse me lembrar
dos cheiros variados
que grudaram em minha memória
na escuridão dos porões
ou a ameaça
de uma iminente overdose
– outra espécie de invasão

mas seria apenas um poema
a brincar
de admirável mundo novo

onde meto a língua sai sangue
minha poesia é mais do que linguagem
– arame farpado amarrado nos sonhos

meu medo é perder os caminhos do céu.

Obs: Respondendo ao desafio de Angela Zanirato e Ivy Menon

Imagem enviada pela autora (do Pinterest, com créditos na própria imagem)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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