Francisco buscou realização na vida boêmia, não encontrou. Ao buscar na medalha de cavalheiro, pela guerra, foi preso e adoeceu. Ao reconstruir igrejas descobriu que consertar a igreja era viver a forma de vida Evangélica, sem manipulação: despojou-se de sinais externos do poder do capital, beijou o leproso e pregou aos pobres capazes de pensar o mundo para todos.

  1. Seu testemunho atraiu seguidores para a economia do quem perde, ganha e, quem divide, multiplica. Ao entrar, todos doavam seus pertences e viviam de esmolas que pediam nas casas. Logo viu que “quem não trabalha, não deve comer” e propôs o trabalho como um critério de pertença que dignifica a pessoa e ganha o pão. A igreja que vivia do dízimo, perturbou-se.
  2. Por sua fidelidade e pelo temor de ser acusado de herege, jamais rompeu com a Igreja oficial, mesmo diante da rejeição dessa vida de vagabundo de Deus. O centro do chamado era viver o Evangelho como testemunho e como pregação. O forte da mensagem devia ser expresso no exemplo de vida dos frades. Pregue o Evangelho todo tempo. Se necessário, use palavras.
  3. Francisco não pensou numa congregação, mas numa fraternidade. Seus responsáveis eram chamados ministros por exercer o poder-serviço, ao invés de pai, chefe, senhor…. Apegou-se à pobreza como austeridade de vida, na posse e uso dos bens, individual e coletivamente. Insistiu em não ter conventos e que a comunidade não se enchesse de “gente estudada”.
  4. Por alguma razão, Francisco que exaltava o sacerdócio, nunca aceitou ser ordenado padre. Na sua forma de vida não cabia a casta clerical. Por causa da obediência repetia que, no final, o Geral da Ordem é o Espírito Santo. Convocou a todos. Criou o ramo masculino da Fraternidade e o ramo feminino. Para incluir os casais na proposta, fundou a Ordem Terceira.
  5. Como poeta, Francisco teve que vencer a tentação de ficar no enlevo da contemplação. Decidiu meter-se “no mundo”, em ser entendido por sua geração e influir na transformação da realidade da época. Ao contrário das cruzadas que, em nome de Deus, combatiam os muçulmanos para ampliar o mercado burguês, ele foi a pé, conversar de paz com o Sultão.
  6. Hoje, se diz família francisclariana para afirmar a influência de Clara, seu grande amor, na espiritualidade da Ordem. Longe de negar o afeto humano, Francisco incorporou essa paixão, mesmo com grande sacrifício, na aventura por uma entrega maior. Pois, “o que é verdadeiramente humano, não pode ser estranho ao espírito humano”. Apaixonar-se é humano… e divino.
  7. Talvez o traço mais marcante de Francisco é a misericórdia, manifesta na acolhida aos descartados da sociedade e na atenção aos irmãos. Conta-se que, durante um longo jejum, um jovem noviço não aguentou o sacrifício. Francisco convocou a comunidade para um banquete e fazer o irmão feliz. Repetia: “O amor não é amado! Como se pode amar e não amar o amor! ”.  outubro 2019

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