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quando te vi ali, enroscado,
em si mesmo, que lindo anjo
você me pareceu. largado
naquele banco, no vagão
daquele trem… tão cedo
pela manhã.

dormente, cansado, os olhos
fechados, a barba por fazer.
cerrada, em riste, aferrada
a ti de um jeito muito casual.
a boca desenhada,
esperando pelo beijo,

pelo toque dos meus dedos.
em todos os sentidos uma visão:
a salvação para todos os males
deste mundo.

a uma pequena distância
dos meus pensamentos fluidos
perdidos nas diversas estações,

o reflexo do meu rosto
na vidraça da janela,
me fez compreender
toda a impossibilidade.

pensei em ter uns vinte anos
a menos, mas o que é mais triste
é que há vinte anos atrás,

eu não veria a poesia do teu corpo,
que hoje eu vejo e sinto