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Benedita era nordestina, trabalhadora, e sonhadora. Admirava o fruto do mandacaru. Via beleza no vermelho do fruto, contrastando com o verde do mandacaru e com o azul celeste do céu do seu sertão. De tanto admirar, vivia a se furar nos espinhos do mandacaru, porque chegava perto demais.
Um dia sonhou que o mandacaru tinha sentimentos e no sonho ele falava, dizia com a voz grossa, voz de trovão em dia de tempestade, parecendo estar enraivecido, que não entendia aquela admiração tão intensa. Ele, quase gritando, dizia ser apenas um mandacaru e que tinha espinhos, e que muitas vezes furava ela para que ela não se aproximasse, porque eles eram de naturezas diferentes e ela invadia o canteiro dele, incomodando o seu sossego.
Acordou assustada com a veracidade do sonho e a forma como o mandacaru falava, com tanto rancor. Ela ficou triste. Ele nem se dava conta dos seus lindos frutos, motivo pelo qual ela perdia-se em admiração. Por isso, ficava horas sentada bem próxima ao mandacaru, para sentir de perto a cor dos seus frutos.