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Seu Benedito ou Bené, homem de muitas estórias. Dessas que de tão fantasiosas testam nossa credulidade de ouvinte.

Nascido em Gurupá, cidade paraense na confluência do Rio Xingu com o Delta do Rio Amazonas, seu Bené se aventurou por estas bandas, Oeste Paraense – Município de Santarém, para tentar a sorte e ganhar dinheiro.

Conseguiu com muito esforço alguns bens e hoje vive da agricultura familiar e de seu comércio bem aconchegante na Vicinal A, comunidade de Palmas do Ituqui.

Numa conversa típica de bar, na qual a espontaneidade se coloca como mediadora da democracia e o vento que bate serve apenas para garantir a boa acolhida a imaginação sempre toma conta dos enredos.

Feitas as apresentações formais e de posse daquilo que é nato desse povo interiorano, depois de muitas conversas sobre variados temas, passamos então ao que é comum nas conversas de bar, caçadas e pescarias que rendem não só alimento farto, mas também os exageros dos acontecimentos que enriquecem ainda mais esses fatos.

Seu Bené então resolveu nos contar que quando ele iniciou suas atividades naquela região a fartura de caças era de espantar qualquer visitante. A variedade era tanta que se escolhia o que se queria comer, mas que com o passar dos anos a escassez foi tomando conta e atualmente até para se conseguir um simples Tatu não está nada fácil.

Isso porque o progresso traz consigo a destruição e o ser humano se torna um predador voraz. Não é de hoje que vez ou outra ele, Seu Bené, mata Tatu bicó – com parte da cauda mutilada – e ele atribui esses feitos a esperteza desses animais que para se livrarem de armadilhas com armas de fogo deixadas na mata – borrodogue ou “tocos” – tendo como dispositivo fios que atravessam as “varedas” – caminho por onde as caças regularmente passam -, esses animais de tão espertos, quando se deparam com tais artefatos, ligeiramente se viram e com a ponta de suas caudas acionam os dispositivos que disparam arrancando-lhes parte desses “membros”.

Não acreditamos muito, mas Seu Bené foi tão veemente em sua narrativa que ficamos envergonhados em contrariá-lo. Então o jeito foi acreditar. E ainda tiramos a lição de que outros animais como pacas, cutias, porcos do mato, veados…não tem nenhuma chance contra essas “terríveis” armadilhas, pois ao que sabemos esses animais são desprovidos de caudas longas…

Obs: O autor é Professor da Rede Pública Municipal de Santarém.
Graduado Pleno em Pedagogia pela UFPA. Técnico em Educação na Rede Estadual. Especialista em Ciências Sociais para o Ensino Médio e autor do livro – Brinquedo: Contos e Poesias.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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