“O problema é que antigamente dava para a gente se desviar da imbecilidade, agora não.” (Fernanda Young)

Não há quem consiga tentar discutir algum assunto hoje em dia sem se aborrecer, tanto na vida, quanto nas redes sociais. Além dessa proliferação de opinadores raivosos e, muitas vezes, completamente rasos, o mundo parece que vem ficando lotado de pessoas cujo prazer é discordar de tudo, brigar por qualquer coisa e fofocar de qualquer um. Haja paciência, porque os estoques de calmaria se esgotam dia a dia.

Se pararmos para analisar as causas dessa onde crescente de pessoas tóxicas por aí, levantaremos várias hipóteses, que vão desde o crescimento de uma geração de mimados que não conseguem ouvir não, até os vazios de vidas entediadas que resolvem azucrinar o outro, na tentativa de tentar tirar de si um sentimento negativo que transborda. Poucos conseguem lidar com as negativas da vida e partem para a violência, seja verbal ou mesmo física – o aumento de casos de homicídio e feminicídio estão aí para comprovar o que falo.

Além disso, as redes sociais deram vazão ao pior do ser humano, ao seu lado mais perigoso: a inveja. Famosos e aspirantes ostentam suas vidas glamourosas, suas viagens de luxo, closets imensos, físicos malhados, bronzeados e dentes branquinhos. A TV também fomenta isso, com atores e atrizes esteticamente impecáveis. Enquanto isso, as demais pessoas do mundo aqui de fora continuam com suas jornadas extenuantes, afazeres domésticos, estudos e boletos pendentes, sem chance de malhar e de viajar até a cidade mais próxima.

Daí fulano fala mal de beltrano, porque beltrano aparentemente tem a grama mais verdinha. Daí os seguidores acabam com a blogueira, porque ela não gosta de algum artista modinha. Daí o cara diz que o colega do escritório é preguiçoso, porque o cara deve estar sem serviço para poder prestar tanta atenção no colega. Daí a mãe, que se faz de cega dentro de casa, mete o bedelho nos filhos de outras mães. Daí o chato comenta se você engordou, se emagreceu, se você está pálido, bronzeado, mal vestido, bem vestido… Ah, que preguiça!

Não tem outro jeito: é preciso desligar os ouvidos, desligar-se dos chatos de plantão, selecionando com sabedoria o que entra ou não na vida da gente. Enfim, é uma delícia poder ouvir alguém insuportável falando asneiras lunaticamente e conseguir ignorá-lo. A nossa paz depende disso, dessa nossa capacidade de desligar mentalmente o som que vem de gente chata. Vivamos!

Obs: O autor é graduado em Letras e Mestre em “História, Filosofia e Educação” pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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