Padre Beto 15 de outubro de 2019

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Veronica Guerin é uma repórter investigativa que publica uma matéria sobre os traficantes de drogas e chefes do crime mais poderosos de Dublin, cidade onde vive. A matéria traz grande repercussão e reconhecimento ao trabalho de Veronica, mas também faz com que ela e sua família passem a sofrer constantes ameaças. “O Custo da Coragem”, de Joel Schumacher, apresenta uma história real que registra a importância da imprensa como também de pessoas comprometidas com a vida.

Laio, rei de Tebas, fica sabendo por um oráculo que será morto por seu filho. Quando nasce a criança de sua esposa Jocasta, Laio ordena que Édipo seja morto, mas um pastor o salva. Édipo é adotado sem saber. Chegando à idade adulta, Édipo é informado por um oráculo que matará seu pai e se casará com sua mãe. Édipo, então, foge da casa de seus supostos pais e, na viagem, briga com um homem e o mata, sem saber que esse é Laio, seu verdadeiro pai. Édipo recebe então um enigma para solucionar e o faz com sucesso; é coroado rei de Tebas e casa-se com a rainha viúva, Jocasta, sua verdadeira mãe. Este drama do mito de Édipo é encontrado pelo pai da psicanálise, Freud, no início de nossa infância. Depois do traumático parto encontramos inconscientemente um amor exclusivo, um aconchego único que é o calor de nossa mãe. Porém, aos poucos, nos defrontamos com um rival, nosso pai, que, muitas vezes, quer dividir este amor conosco. Estamos em pleno complexo de Édipo, a experiência de sermos os únicos e exclusivos, mas a desagradável descoberta de um rival que desejamos que desapareça. Naturalmente, o rival se revela nosso pai com o tempo e também passamos a amá-lo. Porém, o complexo de Édipo tende a hibernar em nosso inconsciente até ser despertado por situações que espelham o cenário primitivo, original. Justamente sobre este impulso de querermos ser os melhores, exclusivos, amados em demasia, nos fala Mc 12, 38-44. Os doutores da lei, como também aqueles que ofertam grandes quantias ao templo, possuem um único objetivo: serem reconhecidos, amados, aplaudidos, admirados, etc. Este desejo profundo nos cega e nos faz destruir nossas relações e funções que cumprimos, pois o “Eu” está acima de tudo. O crime de Édipo é a sua impossibilidade de ver, ou de não querer ver. Muitas vezes, fazemos o bem não porque é bom fazê-lo, mas para sermos reconhecidos e aplaudidos. Isso acontece, muitas vezes, de forma consciente ou inconsciente. O problema é que se agimos com o objetivo de satisfazer nosso desejo infinito de sermos amados temos duas consequências: procuramos não desagradar ninguém para que sejamos amados por todos; o reconhecimento, com o tempo, passa e voltamos ao esquecimento. Quando procuramos agradar a todos fatalmente deixamos de fazer as coisas corretamente e com justiça. Quem age de forma justa sempre irá desagradar alguém. Quem não domina seu complexo de Édipo inconsciente nunca vai conseguir agir de forma correta. Ao mesmo tempo, no final, sobrará somente frustração se o nosso objetivo consistir em sucesso, fama, reconhecimento, pois tudo isso é efêmero. A solução é tornar-se um homem de si mesmo, sem dependências e referencial. Esta deve ser a condição do cristão. Ele é uma pessoa que caminha com suas próprias pernas e procura viver o essencial do Evangelho: amar ao outro como ama a si próprio. Um esforço de inteligência que só é alcançado se superarmos nossa carência profunda por um amor exclusivo.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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