Padre Beto 1 de outubro de 2019

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Na esperança de lhe oferecer um futuro melhor, Roberto Carlos Ramos é deixado, aos 6 anos de idade, por sua mãe em uma entidade assistencial. Aos 13, porém, Roberto continua analfabeto, tem mais de 100 fugas, várias infrações no currículo e é considerado irrecuperável. “O Contador de Histórias”, de Luiz Villaça, narra o encontro com uma pedagoga que mudará radicalmente sua vida.

Em 1 Jo 3, 1-3 recordamos uma verdade já declarada pelo livro do Gênesis: nós somos criados à imagem e semelhança de Deus. “Somos chamados Filhos de Deus. E nós o somos!” Além disso, João anuncia que “nem se quer se manifestou o que seremos!” Em outras palavras, todo ser humano possui uma capacidade imensa de desenvolvimento. Todo ser humano é capaz de amar, ou seja, se desprender de seu mundo e adentrar ao mundo do outro, como também todo ser humano possui a capacidade de conhecer, de compreender seu universo. Mas nós, que temos a consciência de sermos filhos de Deus, nos desenvolvemos em uma direção definida: a santidade e nos sentimos chamados a ser santos. Para isso, precisamos nos libertar das imagens estereotipadas que possuímos dos santos. Geralmente o “santinho” é aquele que não incomoda ninguém e simplesmente se submete às vontades dos outros. A verdadeira santidade é justamente o contrário. Ser santo significa interagir profundamente com a nossa realidade, transformando-a em algo bom. Todos os verdadeiros santos (declarados ou não pelas religiões) foram pessoas que fizeram um mergulho profundo em sua realidade e interagiram com ela de forma ativa transformando-a para melhor. No texto de Mt 5, 1-12 encontramos as características da santidade enumeradas por Mateus no discurso de Jesus. Em primeiro lugar, santo é o “pobre em espírito”, ou seja, aquele que possui a consciência de que a nada lhe pertence verdadeiramente. Nós estamos somente de passagem por esta existência e um dia deixaremos tudo (pessoas e coisas) para traz. O santo é livre em suas posses e em seus relacionamentos e, por ser livre, vai ao essencial: o seu universo deve ser feliz e fraterno. Aqui está o pano de fundo para a santidade. A liberdade do santo faz com que ele seja ativo e não tenha medo de perder. Com a consciência de que a morte é certa, mas sem saber quando ela virá, o santo é o aflito. Ele possui uma santa necessidade de agir no momento presente e não deixar nada para amanhã, pois este amanhã talvez não venha, para ele, a existir. Ser aflito, porém, não significa ser desesperado. O santo é manso. Mansidão não é o mesmo que passivo e acomodado, mas é possuir uma paciência histórica, ou seja, a consciência de que, apesar do seu agir, muitas coisas não se transformam da noite para o dia. O santo sabe que ele não verá muitos frutos do seu agir. Por isso, ele não se desespera, apesar de ser aflito em agir no momento. Este agir tem um objetivo: o santo tem fome e sede de justiça. Ele não tolera nenhuma situação que venha a oprimir e limitar a vida do ser humano. Por esta razão, o santo incomoda, denuncia, fala e age para que a justiça seja feita. Ele também é misericordioso, isto é, ele compreende a estrutura humana e sabe que esta pode ser falível. Ele luta contra as injustiças, mas acredita na mudança do ser humano. O santo possui um coração puro, ou seja, ele é um ser transparente, vive na verdade e caminha com a verdade. E por fim, santo é aquele que promove a paz. A paz que o santo promove é o espaço social, no qual a vida de todos seja possível.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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