[email protected]
tempoinverso.blogspot.com.br
contosincantos.blogspot.com.br
versoinverso.blogspot.com.br
Dá-me, Senhor, de novo a poesia, deixe que ela durma aqui, comigo, me embale, me leve no seu sono, mande pra longe a insônia que me invade, que desperta minhas noites e meus dias, nesta roda de cansaço e letargia.
Dá-me, Senhor, a bendita poesia, que salva a alma, que consola, que conforta e alivia, que desamarra as cordas da tristeza, que traz de volta a beleza que havia naquele tempo em que era ela, só ela, minha companhia.
Dá-me, Senhor, por caridade, por bondade, por misericórdia,
traz para o meu peito as rimas, o balanço dos versos que fazia, e que me esquentavam de uma tal maneira que não tinha frio neste mundo que me abatia.
Dá-me se achar que ‘inda mereço,
os poemas que escrevia, com dedos trêmulos de pressa pra não perder o que a mente ditava e me dizia na boca do ouvido, como um sussurro trazido pela brisa, e que agora tento e tento, mas me perco, junto com o poema, na ventania.
E depois que a poesia estiver aqui comigo, de volta ao seu antigo leito, escreverei então a derradeira dentro do peito, e a levarei como minha companheira para muito além desta vida vazia,
atravessaremos juntas, não perdidas,
minha sorte.
E nos faremos fortes,
e nós fundiremos,
confundidas,
na mesma morte.
Sabendo que não se pode brigar com a poesia, ela quando parte se parte em pedaços tão pequenos que nunca mais nos doam suas rimas.