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Estamos no mês de outubro, que é considerado o mês das crianças.

Nada mais esperançosa e inocente do que uma criança, cujos sonhos ainda não tenham sido esmagados pela sociedade de consumo ou pela “adultização” precoce que destrói a infância.

Pensando nos sonhos e pensamentos que viajam pelo universo afora das crianças que têm o privilégio de serem iniciadas no saudável hábito da leitura, escrevo sobre uma das lendas mais belas e românticas da literatura, transformada, por Walt Disney, em um clássico da literatura infantil, A Espada era Lei. Então vamos lá.

Era uma vez um bardo chamado Merlin, nascido da união entre um demônio e uma virgem, que era bruxo ou feiticeiro ou, como é mais comum ser chamado, um mago.  Ele ajudava o rei Uther, tanto em suas batalhas quanto nas aventuras amorosas. Ao conhecer a duquesa Igrain, esposa do duque de Tintagel, o rei Uther ficou irremediavelmente apaixonado, chegando a adoecer de tanto amor. Merlin se propôs a ajudar ao rei desde que ele lhe prometesse que o filho, fruto da união com a duquesa Igrain lhe fosse entregue para criar. Merlin queria educar a criança e prepará-lo para cumprir o seu destino porque sabia que ele iria ser o maior rei da Inglaterra.

Após o duque de Carnaval ser morto em uma batalha contra as tropas do rei Luther, sua viúva casou-se com o apaixonado rei e, o primeiro filho do casal foi entregue a Merlin, conforme o acordado.

Merlin entregou o garoto para ser criado por sir Hector, um cavaleiro empobrecido que não fazia a menor ideia da origem da criança.

Quando o garotinho estava com dois anos o seu pai verdadeiro morreu e o reino entrou em um caos total, e uma fase de muita anarquia que durou vários anos. Até que Merlin convenceu o arcebispo de Cantebury e os nobres da corte de aconteceria um milagre que determinaria quem seria o sucessor legítimo de Uther. E logo depois, no cemitério próximo à igreja apareceu uma pedra com uma espada cravada, chamada Excalibur e que trazia em sua bainha a seguinte inscrição: “quem puder me retirar desta pedra será Rei de toda Bretanha por direito de nascimento”. Desnecessário falar sobre a quantidade de nobres que tentaram, em vão, tirar a espada da pedra. Como nenhum nobre conseguiu tirar a espada, foi decidido que os cavaleiros assistentes poderiam tentar tirar a espada. O garotinho, agora com 15 anos, ainda não tinha idade para participar. Iriam participar, no entanto, Sir. Hector e Sir Kay, pai e irmão adotivos do garoto.

Quando a competição ia começar, Sir Kay se deu conta de que estava sem a sua espada e mandou o irmão pegá-la em casa. Mas, encontrando a casa trancada ele se lembrou da espada que estava na pedra e correu para pegá-la, retirando-a com a maior facilidade. Ao receber a espada, Kay a reconheceu e mostrou ao pai e os três voltaram ao cemitério, onde recolocaram a espada e pediram ao garoto para tirá-la mais uma vez. Ao ver que ele a tirou com toda facilidade, emocionado sir Hector lhe disse que ele seria o rei de toda Bretanha. E assim depois de tirar outras vezes a espada da pedra, o garoto foi coroado rei.  Ele pacificou o reino e foi um rei justo e bom. Ao pedir a mão de Guenevere, seu pai, o rei de Cameliard ficou encantado com o pedido e não apenas lhe concedeu a mão de sua filha como lhe deu de presente uma mesa redonda que havia sindo um presente do rei Uther.

O rei mandou colocar a mesa em um grande salão do palácio e decidiu que nela sentariam seus melhores cavaleiros, que teriam que fazer um juramento de fidelidade especial ao reino de Camelot, à Igreja e aos mais nobres costumes. Nenhum dos cavaleiros que fizesse o juramento poderia fazer atos ilegais, desonestos e muito menos criminais. Nascia assim a Ordem dos Cavaleiros da Távola Redonda. O número de cavaleiros que pertenciam à Ordem varia,  indo de 12 a 150, que, segundo consta, era o número máximo que a mesa comportava.

Essa é, em resumo, a história do rei mais famoso da Inglaterra e sobre o qual, na verdade, se ouviu falar, pela primeira vez, quando o romancista inglês Thomas Mallory escreveu a sua saga, enquanto cumpria um mandato de prisão em Londres. Ele criou uma das mais fantásticas histórias sobre cavalaria e que exerceu influência em geração após geração: a lenda do Rei Artur.

Pois é, se você estava pensando que eu estava falando sobre Carlos Magno, desculpe, mas quem teve a Távola Redonda foi o rei Artur, que chegou ao trono por merecimento e, como vimos lá em cima, não admitia deslizes entre seus cavaleiros e procurou governar com justiça.

Ao contrário de Carlos Magno, imperador que viveu no século VIII e que,  após a morte do pai, dividia o reino, que ia da França à Alemanha,  com o seu irmão, Carlomano .  Com a misteriosa morte de Carlomano,  três anos após a coroação, Carlos Magno se apossou de suas terras e se tornou um imperador único, dando um golpe nos sobrinhos e não permitindo que eles tivessem acesso às terras herdadas.

Carlos Magno, ao contrário do Rei Artur, com certeza jamais criaria uma Távola Redonda, cuja ideia, ao não ter cabeceiras, era que todos tivessem direitos iguais.

E o pensamento de Carlos Magno ainda hoje é bem atual, com a valorização da hierarquia e da busca incansável pelo poder, a qualquer preço, inclusive com alto custo humano.

É por isso que, infelizmente, Carlos Magno existiu e o Rei Arthur é apenas uma doce e sonhadora lenda.

Obs: A autora é jornalista, blogueira e Assessora de Comunicação do IDHeC – Instituto Dom Helder Camara.
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