Malu Nogueira 15 de outubro de 2019

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Suas pálpebras foram fechadas, antes que se abrissem para o mundo.
Uma réstia de luz lhe foi tirada, antes que percebesse que era a claridade da vida que lhe estava agonizante.
A boca foi calada antes que pudesse esboçar qualquer choro ou defesa.
Que poder tão grande foi esse que destruiu a sinergia fetal que estava a se desenvolver?
Onde foi jogado o ser disforme sugado do ventre que o expulsou e que não se rendeu ao amor maternal que existe em toda fêmea?Onde foi colocada a massa putrefata que se tornou aquele pedaço de gente, tragicamente ignorado?
Onde está a consciência dessa alma, desagasalhada de amor?
Onde ficam os sonhos de uma infância lacerada por sangue e covardia?
Como se guarda esse segredo, se a cabeça mostra a todo instante a destruição ancestral, provocada com deliberação, na mais absoluta razão?
Onde estão os olhos que não quiseram ser julgados por outros olhos, apagados no alvorecer da vida?
Onde fica a consciência, na prática de erros sequenciais?
Que fazer com esse mundo tão cheio de natimortos?

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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