Certo dia, perdido entre ocultas auroras de uma circunstância. Ouvi uma intrigante questão: o universo começou de um único ponto, esmagadoramente concentrado. Que em determinado momento, febril, devido ao seu inusitado estado, irrompeu em colossal explosão.
Que magnífica ocasião! Tudo o que existe, nascendo do caos arrebatador do primeiro momento que impele até hoje as galáxias, as nebulosas, estas sim em primeiro momento poeira, impulsionada pela hiperinflação de energia que fez o corpo e a partícula viajar mais rápido do que a luz.
Extasiado por tal cenário fustigou-me uma dúvida: se tudo estava em um ponto, concentrado, oculto nas entranhas da totalidade, o quê circundava este ponto? O quê dava sustentação ao algo que continha o tudo? Porque se algo existe, ele existe em algum lugar, e se existe o lugar logo ele não faz parte deste tudo, e então o tudo não é tudo, é quase tudo.
Queira me perdoar à ignorância, mas; não faltou um sinal de estar contido nesta equação? Porque se o quase tudo se expande, ele se expande para algum lugar e viaja sustentado por alguma coisa que contém o quase tudo e não deu a mínima para a explosão.
Porque espaço é o que não lhe falta, e o que nos parece colossal pode ser apenas um pequeno espasmo, um reflexo espúrio escondido na amídala do verbo o sedimento da poesia inevitável que amou a razão.