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1 – Domingo da PORTA ESTREITA
Lc 13,22-30

Agostinho Neto, socialista, primeiro presidente da Angola independente, disse, um dia: “Não basta que a nossa causa seja pura e justa. É preciso que a pureza e a justiça estejam dentro de nós”. Poderia ser uma outra maneira de dizer que a porta de entrada para o Reino anunciado por Jesus não é simplesmente um portão escancarado, que dá acesso indistintamente a quem quer que seja, contanto que traga as senhas da religião, os saldos das observâncias e obrigações rituais praticadas… Deus não se ilude com as aparências. E haverá muita gente do sul e do norte, do leste e do oeste, de onde menos se teria imaginado, que irá tomar parte no banquete preparado para as núpcias do seu Filho com a Humanidade redimida por seu sangue… Enquanto isso, os primeiros convidados, os convidados “de direito” ficarão de fora, nas trevas do seu egoísmo e na vergonha de sua hipocrisia… Porque só há um caminho que nos permitirá entrar pela porta estreita do Reino: O caminho que leva a Jerusalém, no seguimento daquele que reina pela entrega total da sua vida por amor, o caminho da cruz.

Nesses dias de trevas e obscurantismo a se abaterem sobre a Nação, a luz que brilha no fim do túnel e faz enxergar um caminho de esperança é a MOBILIZAÇÃO POPULAR. Os poderes da República, por conveniência ou covardia, demonstram-se incapazes ou inoperantes. A organização, a luta do povo, o grito das ruas será a mão poderosa de Deus a realizar o sonho de MARIA: a derrubada dos tronos da opressão, a elevação dos humilhados, o esvaziamento das riquezas injustamente acumuladas, dignidade e fartura para os empobrecidos de sempre.

A “porta estreita” do compromisso e engajamento com as lutas do povo é a única que se abre para o Reino da Vida e da Paz, o Reino de Deus, “assim na terra como no céu”, como Jesus nos ensinou a pedir ao Pai. Orar e comprometer-se, pedir e engajar-se. Mais dia, menos dia, de VITÓRIA será nosso canto!

*

 As Margaridas resistem e florescem.

 Brasília viu no dia 14 de agosto de 2019 cem mil mulheres camponesas marchando altivas e dignas na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes.

Mulheres vindas de todos os cantões do Brasil, numa manifestação pacífica, porém firme, de denúncia da destruição de direitos duramente conquistados ao longo da história recente, do desmonte das empresas estratégicas, patrimônio do povo brasileiro, da destruição da soberania nacional e popular, resultado do golpe imperialista e enricado que domina o país nestes bicudos tempos de poder bolsonarista.

Foi a Marcha das Margaridas, homenagem à grande lutadora Margarida Maria Alves, assassinada pela mão armada do latifúndio
Antes de mais nada, uma lição de unidade de todas as forças políticas populares do campo.
Além, um exemplo de organização, disciplina e simbologia de esperança.

  (……)

É o Brasil profundo que se move, ainda lentamente e em atitude de resistência ativa. Registre-se. O Brasil profundo é feito de gente raiz, povo cerne, pessoas de fibra. Mais, muito mais, as mulheres. Lutadores e lutadoras resistentes construídas nas lutas – de sobrevivência e de cidadania – explodiram luzes de esperança para o presente e o futuro do Brasil.

O Brasil viu que a primavera virá e que as Margaridas florescerão.
 Frei Sérgio Antônio Görgen

2 Domingo da humildade dos convidados e das prioridades de quem convida
Lc 14,1.7-14

No meio de gente que gostava de esnobar e aparecer, cada qual a julgar-se melhor que o outro, Jesus se comporta como um tremendo “cara de pau”, para dizer aos colegas convidados, todos apressados em sentar-se nos primeiros lugares, que seriam mais inteligentes se se colocassem nos últimos…
E para o dono da casa, o anfitrião daquele banquete, um descarado e desconcertante recado final:
para um próximo evento, ao fazer a lista dos convidados, inverta as prioridades…

Ah! Como se incomoda, por exemplo, a burguesia de nossas cidades, hoje em dia, quando se elege uma nova gestão para o município, e esta começa a priorizar as políticas públicas que atendem, antes de tudo, o povo da periferia… E as benfeitorias começam pelos bairros pobres, pela educação pública, pela saúde pública de melhor qualidade… pela urbanização e saneamento de morros e córregos, até então tradicionalmente desassistidos e “entregues às baratas”! …
Mas é aí e assim, que acontecem hoje as maravilhas do Reino e se fazem ensaios da Terra Prometida, capazes de nos inspirar e motivar para, em nossas celebrações, cantarmos um “Cântico Novo”! Se tivermos “olhos de ver”, é claro.

Não será por isso, que tem uma porção de “católicos” decepcionados com Papa Francisco?… Detestam esse jeito pobre de ser desse “homem enviado por Deus”.

Três perguntinhas para o momento:

– Deu para entender, agora, por que impediram uma Presidenta eleita pelo povo, e prenderam um ex-Presidente, o mais querido Presidente do povo? …

–  Está satisfeito(a) com a maneira de o atual governo federal e certos governos estaduais tratarem a Classe Trabalhadora, o povo empobrecido?

– Suas prioridades são as de Jesus ou as dos fariseus hipócritas? …

*
MÊS DA BÍBLIA 2019

 <<1ª. Carta de João>>

NÓS AMAMOS

PORQUE DEUS NOS AMOU PRIMEIRO

No site da CNBB lemos que “O mês de setembro se tornou referência para o estudo e a contemplação da Palavra de Deus, tornando-se em todo o Brasil, desde 1971, o Mês da Bíblia. Desde o Concílio Vaticano II, convocado em dezembro de 1961 pelo papa João XXIII, a Bíblia ocupou espaço privilegiado na família, nos círculos bíblicos, na catequese, nos grupos de reflexão, nas comunidades eclesiais. Este ano, 2019, será o 48º em que a Igreja no Brasil comemora o Mês da Bíblia. Neste sentido, a Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dando continuidade ao ciclo do tema “Para que n’Ele nossos povos tenham vida”, propôs para o Mês da Bíblia o estudo da Primeira Carta de João, com destaque para o lema “Nós amamos porque Deus primeiro nos amou” (1Jo 4,19)”.

De um certo tempo para cá, vem se instalando no país uma coisa horrorosa que ninguém jamais imaginou: Uma CULTURA DO ÓDIO. Já convivemos há séculos com preconceito de todo tipo, de raça, de gênero, de classe social, de religião… Mas, nunca foi tanta, entre as pessoas, a intolerância, a rejeição, o ódio. Nada mais oportuno, então, que lermos e meditarmos a 1ª. Carta do Apóstolo João: “Que o estudo da Primeira Carta de João mova-nos e comova-nos a diálogos fraternos e a convivências pacificadoras, amando-nos uns aos outros”.

 Obs: REGINALDO VELOSO, presbítero leigo das CEBs (essa é minha condição eclesiástica atual, o que me deixa particularmente feliz)
– Membro do MTC (Equipe Maria Lorena – Recife)  (terminou meu “mandato” como “Assistente Regional”)

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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