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O Capitalismo é sistema econômico onde poucos ganham muito e muitos ganham pouco e, onde os muito que ganham pouco, geralmente dão o sangue para que uma minoria viva na opulência, esnobem e passem na cara de toda uma população sofrida o quanto gastam muito em futilidades e compram coisas que a maioria dos trabalhadores não ganharia o equivalente, nem em toda uma vida de trabalho.

O trabalhador paga todos os impostos que lhe são cobrados, no feijão, no transporte público, no parco salário, enquanto os que mais ganham nesse país, na cara de pau, não pagam todos os impostos que deveriam e ainda têm suas dívidas bilionárias perdoadas.

Vejamos o que acontece com as instituições financeiras. Devem milhões ao governo em impostos, tudo indica que já tiveram ou terão suas dívidas perdoadas, mas não dispensam um centavo de juro do cliente. Se um cliente financiou uma dívida de cartão de crédito, por exemplo com o banco, em 60 meses e resolve, depois de pagar metade das parcelas, liquidar o financiamento, dependendo do contrato que tenha assinado no momento de desespero para regularizar sua situação, o banco irá cobrar todo o restante do financiamento, incluindo os juros futuros.

Imaginem alguém financiar R$ 6.000,00, que vira uma dívida de R$ 24.000,00, depois de pagar metade das parcelas, o valor principal ser em torno de R$ 4.000,00, mas, para liquidar, a pessoa tem que pagar R$ 12.000,00, porque, de acordo com o contrato, não dispensam os juros. E imaginem a gerência ficar ligando para essa pessoa querendo lhe empurrar um outro empréstimo para liquidar o financiamento, indecentemente oferecendo para a pessoa antecipar o pagamento de juros, com um empréstimo pagando mais juros. Se o capitalismo é do mal, as instituições financeiras são seus verdugos. Não tenho a menor dúvida.

Nesse caso será que a solução é migrar para os bancos digitais? Pelo menos não se terá que explicar a nenhum gerente que sua proposta é indecente, uma vez que só beneficia ainda mais o próprio banco e à própria pessoa do gerente, que tem uma meta de clientes para endividar, todo mês.

Esse é o aspecto mórbido e revoltante do capitalismo: o lucro em primeiro lugar. E essa avidez por lucros cada vez maiores, tem levado os pobres mortais, que estão na base da pirâmide, a se sacrificarem cada vez mais e a serem tratados como números que precisam crescer e dar lucro.

Um outro aspecto cruel do capitalismo é que as grandes empresas sempre têm razão e o consumidor, de uma maneira geral, não é levado em consideração, embora seja, no final das contas, quem pague o salário de quem o atende.

Vejamos um caso recente que aconteceu comigo. No dia 28 de agosto, um dia bastante atribulado por estar organizando um grande evento que aconteceria à noite, o lançamento da Fotobiografia Dom Helder Camara, o Santo Revelado, tive a luz do meu apartamento cortada, enquanto finalizava, no computador, os detalhes para o evento. Um funcionário da Celpe (Companhia de Eletricidade de Pernambuco) chegou sem a menor paciência pedindo o comprovante do pagamento da conta de luz de junho e como demorei mais de três minutos procurando, ele cortou a luz porque disse que não poderia ficar esperando.

Acontece que realmente eu não havia pago junho. A data do vencimento foi mudada e a conta não foi entregue e, confesso, que não me dei conta disso. Agora é importante salientar que, no dia em que esse cidadão apressado em cortar a minha luz esteve lá no prédio, as contas relativas aos meses de julho e agosto já estavam pagas. Ou seja, se bom senso fosse uma palavra que fizesse parte do vocabulário de alguns funcionários da Celpe, teria visto que eu não era nenhuma caloteira e nem estava querendo passar a perna na Celpe. Imediatamente liguei para a companhia e me passaram um código de barras para eu pagar a conta e, ao solicitar a religação, autorizei um débito, na próxima conta de R$ 33,90 relativo à religação. Foi dado um prazo de 24 horas. Paguei o débito com a internet que ainda tinha acesso através do celular e uma vizinha imprimiu o recibo, já que, sem luz, a minha impressora não funciona. Ficamos eu e minha filha sem poder trabalhar, pois dependemos, s duas, da internet e do computador e ainda tivemos uma noite de muito calor.

No dia seguinte às 11h15 liguei para saber por que a luz não havia sido religada e, para minha surpresa, fui informada por uma funcionária mal-educada e que não me deixava falar, que o pessoal havia estado no prédio às 15h30 e não foi apresentado o documento de quitação. Ficamos eu e o zelador do prédio de prontidão, aguardando o pessoal voltar e ninguém me pediu para apresentar documento nenhum. Depois de muito estresse e da criatura do outro lado ter como meta de vida não me deixar falar, finalmente tive que solicitar nova religação e autorizar outro débito de R$ 7,90.

Quando finalmente apareceu alguém para fazer a religação, foi constatado que o valor que eu paguei era R$ 58,00 a mais do que o valor da conta em aberto. Dessa vez o rapaz era educado e gentil e religou a luz mas me instruiu a ligar para a Celpe e resolver a diferença de valor, pois corria o risco da conta continuar em aberto pelo valor não coincidir. Liguei, falei com alguém também, inesperadamente, gentil que me disse estar tudo ok, que já estava no sistema e que o valor pago a mais seria restituído.

Duas semanas depois, nessa quarta-feira, 11 de setembro, a Celpe volta ao meu prédio, como tocou a campainha e não obteve resposta, adivinhem? Cortaram novamente a luz. Motivo: a mesma conta em aberto.

Aconselhada por uma vizinha minha filha foi pessoalmente à loja da Celpe que atende ao meu bairro. Ao ser atendida descobriram que o código que me foi passado estava errado. A pessoa me passou o código da conta paga do mês de julho. Ou seja, eu estava com duas contas pagas no mês de julho e, mesmo assim, cortaram a luz, porque junho estava e aberto. Isso existe? Enfim parece que dessa vez consertaram a besteira que fizeram e, ao que tudo indica, quitaram a conta de junho e vão ressarcir os tais R$ 58,00 reais pagos a mais. E a taxa de religação pode ser que venha a ser cobrada na próxima conta. Mas daí eu reclamo e eles devolvem. Muito prático não é mesmo?

Convém salientar que da primeira vez do corte eu liguei para a ouvidoria, relatei o acontecido e me disseram que eu teria um retorno dentro de 5 a 15 dias úteis. Estou ainda aguardando o retorno.

Essa é a “maravilha” do capitalismo e, nesse caso, do monopólio no fornecimento de serviços. Como a Celpe não tem concorrente, não se preocupa em treinar funcionários para atender bem aos consumidores que pagam caro pelo serviço de energia. Quem se importa que o cliente não esteja satisfeito? O que ele poderá fazer? Viver sem energia elétrica?

Infelizmente essa é a nossa realidade, a Celpe me fornece o código errado, pago uma conta mais cara e sou punida por isso, com novo corte de luz. Falta educação, falta bom senso, falta respeito, falta discernimento. O consumidor não é um criminoso só porque esqueceu de pagar uma conta de luz e nem está querendo passar a perna na companhia. Cada caso é um caso e um pouco mais de Inteligência no trato com esse tipo de coisa é imprescindível.

Encerro aqui registrando o meu protesto contra as grandes empresas que nos prestam serviços, pelos quais pagamos muito caro e, cujo retorno, deixa muito a desejar.

Será que é tão difícil entender que gentileza, realmente, gera gentileza?

Obs: A autora é jornalista, blogueira e Assessora de Comunicação do IDHeC – Instituto Dom Helder Camara.

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Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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