Lourença Lou 15 de agosto de 2019

(ou a breve história de Maria Adélia)

como uma corredora de maratona
ela própria monitorou o ritmo da respiração
a hora de cortar a fita de chegada
o prêmio que queria pendurar em sua vida

quebrou o espelho
não se sabe se antes
ou depois de deitar-se na banheira

tomou uma taça de vinho
também não se sabe
se ria ou o misturava ao sangue

escolheu abandonar as passarelas
os vômitos e a brancura do vestido de noiva

não se sabe a hora escolhida
se durante os raios e trovões
ou quando o silêncio lhe doeu nos ouvidos

sabe-se que
ao raiar do dia seguinte
escutou-se os sinais estridentes
de seu gato malhado
anunciando a dor do abandono

vai levar um tempo
para enterrar as lembranças que o vinho marcou de roxo.

Obs: Lourença Lou em diálogo com o poema Cianureto de Ivy Menon
#memória
#real
Arte: Santa Gueda En La Prision – Andrea Vaccaro

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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