Nem todos serão amigos de fato, ainda que confiemos plenamente neles, mesmo que depositemos a maior confiança em suas mãos, porque algumas pessoas simplesmente não sabem o valor dos sentimentos alheios, nem dos próprios.

Uma das melhores coisas de nossas vidas são as amizades que pontuam a nossa jornada, tornando-a mais prazerosa e leve, principalmente nos momentos em que precisamos de alguém ali ao lado, quando escurece de repente dentro de nós. Infelizmente, quando mais precisarmos, parece que menos amigos aparecerão ou terão disposição para ouvir pacientemente o que temos para dizer, compartilhar. A não ser que façamos uma festa.

Na verdade, muitas pessoas estão à procura de oportunidades que lhes favoreçam, que lhes tragam benesses, conforto, retornos majoritariamente financeiros e/ou materiais. Aproximam-se, assim, de quem possa lhes oferecer algum benefício que usufruirão em causa própria, baseando-se tão somente em suas intenções, quem nem sempre são as melhores. Difícil, nesse contexto, haver alguém que nutra relacionamentos que não lhes possam servir como degrau social ou fonte de renda e de status.

Muitas pessoas passarão pelas nossas vidas, desde a infância, porque nunca é tarde para encontrarmos alguém que possa compartilhar uma amizade sincera. Não conseguimos explicar bem o que nos faz gostar tanto de algumas pessoas, a ponto de nos sentirmos bem ao seu lado e confortáveis para contar-lhes nossos sonhos, medos, nossos tesouros. Parece que tem gente que conhecemos há anos, embora tenhamos iniciado a amizade recentemente; é como se tivéssemos encontrado um irmão perdido por aí, tamanha a sensação de proximidade imediata.

Da mesma forma, algumas pessoas fazem parte de nosso círculo de amigos ou de trabalho por muito tempo, sem que consigamos ir além das meras formalidades de convivência. No entanto, nem todos serão amigos de fato, ainda que confiemos plenamente neles, mesmo que depositemos a maior confiança em suas mãos, porque algumas pessoas simplesmente não sabem o valor dos sentimentos alheios, nem dos próprios. Algumas pessoas simplesmente desconhecem a força de um compromisso com o outro que não envolva nada além de afetividade.

Não podemos nos iludir, achando que todos aqueles que sorriem ao nosso lado, em comemorações regadas a cerveja, também ficarão conosco quando nada tivermos a oferecer, quando precisarmos de um ombro amigo que nos console, ouvindo-nos nos momentos de nossas atribulações, caso contrário, a decepção nos machucará ainda mais. No entanto, sempre haverá alguém, muitas vezes quem menos esperávamos, que nos estenderá as mãos com verdade e amor. Sempre haverá alguém que não desiste da gente. Daquelas surpresas mágicas com que a vida nos abençoa, a fim de que não desistamos de prosseguir, incansavelmente.

Obs: O autor é graduado em Letras e Mestre em “História, Filosofia e Educação” pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica.

Este texto expressa exclusivamente a opinião do autor e foi publicado da forma como foi recebido, sem alterações pela equipe do Entrelaços.


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